Rumores indicam que o sonho da vida de Dana White, presidente do UFC, é trazer Brock Lesnar de volta ao octógono e colocá-lo para enfrentar Daniel Cormier, o campeão peso pesado da organização. É uma luta que faz sentido a essa altura da (nossa) vida? De jeito nenhum. Mas o Ultimate já provou em diversas ocasiões que topa tudo por dinheiro, portanto é sentar e esperar por esse combate, já que rentável ele com certeza vai ser.
Verdade ou mentira? Antes de tudo, você precisa saber que o aqui chamado telecatch é muito popular nos Estados Unidos. Acredite ou não, o pro-wrestling é uma potência em terras norte-americanas, há muita gente que paga pacotes avulsos de PPV para assistir às lutas até bem ensaiadas. Gosto é gosto, tem que assista novela, seriado na Netflix e outras produções roteirizadas, até aí não tem nada de errado.
O que causou espanto em 2007, quando a contratação dele pelo UFC foi anunciada, é que um gigante – em porte físico e potencial de venda – da WWE (maior promotora de pro-wrestling do mundo) se dispôs a deixar sua zona de conforto e passar a competir no mais alto nível do MMA. Por ter tido uma carreira universitária vitoriosa na luta olímpica, Lesnar tinha uma base de combate para tentar a sorte, além de incrível vantagem física, mesmo na divisão dos pesados, mas não muito mais do que isso.
Ascensão e queda. Uma estreia arrasadora contra um zé ninguém bastou para o UFC o contratar e passar a promovê-lo como uma estrela. A lógica era muito simples: fãs de MMA queriam ver a novidade e fãs de pro-wrestling vinham junto. De cara, pegou pela frente Frank Mir, um ex-campeão que estava se reerguendo após um terrível acidente de moto. Lesnar teve um bom início no confronto, mas sua inexperiência foi determinante para acabar finalizado. Faixas pretas de jiu-jitsu faziam a festa contra wrestlers nos anos 1990, mas nem tanto em 2008, daí ficou claro que Lesnar tinha de tirar quase uma década de atraso para ser competitivo.
E ele conseguiu. Atropelou os veteranos Heath Herring e Randy Couture, conquistou o título do Ultimate no processo e vingou-se de Mir – mesmo levando a luta para o chão, onde o rival tinha vantagem no papel. Lesnar era enorme, um peso pesado que tinha de desidratar para chegar ao limite de 120 Kg da divisão dos pesados, derrubava qualquer um, batia forte, enfim, tinha suas deficiências, mas parecia imbatível.
Porém, um adversário de peso conseguiu fazer frente: a diverticulite. Muitos meses após adoecer, e metros de intestino morto retirados depois de invasivas cirurgias, Lesnar voltou ao octógono e sofreu uma surra de Shane Carwin. O rival, no entanto, mal tinha condições de ficar em pé no segundo round e perdeu por finalização. Em seguida, em outubro de 2010, Cain Velásquez conquistou o título sem dificuldade contra Lesnar, que só foi lutar de novo em dezembro de 2011, quando perdeu no primeiro assalto para Alistair Overeem. Nessas três últimas lutas, Lesnar teria um desempenho melhor se não fosse a doença? É justo dizer que sim, mas é difícil imaginar o quanto.
Contra Mark Hunt há dois anos e pouco, no UFC 200, Lesnar retornou e, como era esperado, foi flagrado com substâncias proibidas em seu corpo, em testes feitos antes da luta e no dia do evento. O norte-americano venceu, sem brilho, mas foi superior por conseguir impor seu conhecido jogo de quedas contra um kickboxer já velho à aquela altura. Conseguiria fazer o mesmo contra Daniel Cormier, wrestler selecionado para representar os Estados Unidos nas Olimpíadas de 2004 e 2008? Improvável. Se o script correr como deve, o atual campeão peso pesado do UFC conseguirá derrotar Lesnar em todas as áreas do combate e deixar o octógono com um triunfo fácil – e muito dinheiro na conta.
Midas. A média de pacotes de PPV vendidos em eventos com Lesnar é de 917,3 mil, por isso a volta do ex-campeão é tão importante. Aos 41 anos, é improvável conquiste cinturão de novo, mas seria divertido vê-lo de volta, ao menos pelo aspecto promocional. “Vocês podem me ver agora?”, gritou um ensandecido Brock Lesnar depois de conquistar o título dos pesados no UFC 91, ainda em cima do octógono. É na vontade de os fãs verem Lesnar de novo que o Ultimate aposta.
R7