Uma das causas mais comuns de morte hospitalar pode ser evitada
“O tromboembolismo venoso (TEV) é uma das causa mais comuns de morte hospitalar, que, na maioria dos casos, pode ser prevenida”. O alerta, no Dia Mundial da Trombose, 13 de outubro, é do coordenador de Medicina Cardiovascular do Hospital Cárdio Pulmonar, o cardiologista Eduardo Darzé. O hospital integra a campanha mundial com uma programação entre os dias 16 e 20 de outubro envolvendo equipe médica, pacientes, familiares e estudantes de Medicina em ações educativas e de conscientização.
O especialista chama a atenção para os dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), segundo os quais as doenças cardiovasculares são a principal causa de morte em todo o mundo. E entre as ocorrências cardiovasculares mais letais estão o ataque cardíaco, o Acidente Vascular Cerebral (AVC) e o Tromboembolismo Venoso (TEV).
O TEV, conforme destaca Darzé, é “uma condição potencialmente muito grave” que consiste na formação de um coágulo sanguíneo (ou trombo) no sistema venoso, parte da circulação que leva o sangue de volta ao coração.
Segundo o especialista, o TEV pode se apresentar de duas formas relacionadas. “Na maioria dos casos, os trombos se formam nas veias das pernas, síndrome conhecida como Trombose Venosa Profunda (TVP). Quando parte desse trombo se desgarra, “viaja” na circulação sanguínea até ficar presa nos vasos do pulmão. Essa condição grave e responsável pelas mortes dos pacientes com TEV é conhecida como Embolia Pulmonar (TEP)”, esclarece.
De acordo com a Associação Brasileira de Hematologia, Hemoterapia e Terapia Celular (ABHH), a doença causa 108 eventos a cada 100 mil pessoas/ano, o que significa 250 mil novos casos de TEV documentados nos Estados Unidos em um ano. Entretanto, como um percentual significativo de pacientes não tem o diagnóstico confirmado ou morre antes do tratamento, a estimativa é que haja, ao menos, o dobro do número de casos reportados.
No Brasil, não há registros precisos, mas calcula-se que, a cada mil habitantes, um ou dois sejam acometidos por trombose venosa profunda e embolia pulmonar, conforme informado em 2011 pelo Ministério da Saúde.
Fatores de risco e sintomas
O principal fator de risco da trombose venosa é a imobilidade prolongada, comum não só nas viagens aéreas e terrestres, mas também nos casos de permanência no leito hospitalar em repouso por doenças e depois de cirurgias.
Para evitar TEV durante as internações o cardiologista orienta os pacientes a conversarem com o médico assistente sobre a avaliação de risco e a adoção de medidas preventivas que incluem, entre outras, o estímulo à mobilização e o uso de medicações anticoagulantes.
“No Brasil e no mundo, apenas 50% dos pacientes em risco de desenvolver trombose no hospital recebem profilaxia adequada. No Cárdio Pulmonar, atingimos uma taxa de 94%, pois mantemos um protocolo gerenciado e um programa de treinamento contínuo e o desafio é manter esses resultados”, diz Eduardo Darzé.
Entre os principais sintomas estão dor nas pernas, inchaço e sensação de queimação, mudanças de cor da pele na região afetada. Nos casos de embolia pulmonar, os pacientes podem sentir dor torácica, falta de ar e tosse, sintomas que podem se confundir com outras doenças.
Antecedentes familiares de eventos trombóticos, cirurgias, trauma, câncer, uso de contraceptivos orais e terapia de reposição hormonal, obesidade, tabagismo e idade estão entre os fatores relacionados à trombose.
Campanha
Para evitar mortes desnecessárias, o foco da campanha da Sociedade Internacional de Trombose e Hemostasia (ISTH) é esclarecer os indivíduos e orientá–los a procurar atendimento médico assim que surgirem os primeiros sintomas, além de engajar profissionais de saúde e reforçar que cada paciente que entra em um hospital deve ser avaliado sobre o risco de TEV.