Assim como hoje é comum chegar em casa e colocar o celular para carregar, muito em breve estaremos ligando também nossos carros à tomada. Futuro? Não no que depender do Chevrolet Bolt EV, modelo elétrico que é vendido nas concessionárias norte-americanas da marca desde dezembro de 2016 e que o Autopolis teve a oportunidade de experimentar durante o evento de divulgação dos vencedores do Prêmio GM de Sustentabilidade 2017.
De cara, uma das maiores virtudes do Bolt é não ter feições típicas de carros elétricos. Nada de linhas insossas, desprovidas de qualquer arrojo. Do porte de um Honda Fit, o hatch da Chevrolet tem muito estilo e personalidade, com vincos e contornos que denotam terem sido concebidos para agradar aos olhos e não apenas pare exercerem função aerodinâmica. Até mesmo a profusão de LEDs que iluminam os faróis e lanternas caem bem no modelo.
O interior também não exagera nos modernismos, adotando uma pegada tecnológica, mas sem passar do tom. Exceto pelo painel de instrumentos digital, a tela generosa do sistema multimídia e por um ou outro detalhe futurista, o habitáculo não choca e se assemelha ao de um hatch convencional. Mais uma vez, parece que a ideia dos designers foi de preservar aquelas feições dos carros “comuns” aos quais os consumidores estão acostumados.
Como não poderia deixar de ser, o pacote de tecnologias embarcadas é bem completo. Inclui assistentes que impedem mudança involuntária de faixa de rolagem, frenagem dianteira automática, sistema monitoramento de pontos cegos, aviso de trafego traseiro cruzado, alerta de colisão frontal, aviso de mudança de faixa e câmera 360º. Muito interessante é o retrovisor interno, capaz de reproduzir a imagem capturada pela câmera de ré, proporcionando melhor visualização traseira. Outro aspecto que merece destaque é que o sistema multimídia não traz GPS nativo, vez que permite total integração com o smartphones e, desta forma, permite reproduzir o aplicativo de navegação, dentre outros disponíveis no dispositivo móvel.
LEVANTANDO O CAPÔ
Conforme fez questão de destacar Alexandre Guimarães, Diretor de Engenharia Elétrica da GM América do Sul, que fez a apresentação do hatch no evento, o Bolt não tem um motor elétrico e sim um sistema de propulsão elétrica que proporciona uma potência de 203 cv e um impressionante torque de 36,7 kgfm. Esses atributos permitem acelerar de 0 a 100 km/h em menos de 7 segundos, mas a velocidade final é de apenas 148 km/h.
A bateria de íons de lítio, de 60 kwh e capaz de gerar 360 volts, proporciona uma autonomia de 383 km, embora esse valor possa variar de acordo com vários aspectos, como temperatura ambiente e até a maneira como o motorista conduz o veículo. Ela integra o chassi e fica sob o assoalho, dividida em 5 bancos de células, contribuindo para a equilibrada distribuição de peso em cada eixo. Para que opere nas melhores condições, exige um sistema de refrigeração capaz de manter a temperatura máxima de 38 graus.
Com a autonomia proporcionada, o Bolt deixa de ser um elétrico essencialmente urbano, permitindo que se faça pequenas viagens com tranquilidade. Com o sistema de frenagem regenerativa é possível preservar ou até aumentar a carga da bateria em percursos mais curtos.
A carga pode ser feita de três formas diferentes. Através de uma tomada normal de 120 volts (como as domésticas comuns) é possível carregar o equivalente a 6,4 km de autonomia a cada hora, perfazendo uma carga completa num período entre 50 e 60 horas. Embora seja demorado, essa carga é suficiente para, em uma noite, acumular carga suficiente para os deslocamentos diários cotidianos. Para carregar mais rapidamente, é possível adquirir um carregador especial, para ser ligado à rede elétrica de 240 volts, que carrega totalmente a bateria em 9,5 horas. Por fim, existe um modo de recarga super rápido, que seria disponibilizado em locais públicos, e que permite uma carga completa em menos de 3 horas.
ANDANDO E REGENERANDO
Ao volante, o Bolt proporciona uma experiência diferenciada. Muda até mesmo a forma de dirigir do motorista, graças ao sistema regenerativo de energia.
Contudo, antes de falarmos do sistema regenerativo, vale destacar a agilidade do carro. Mesmo no trajeto bastante curto e “travado” em que test-drive foi realizado, dentro do Clube de Campo ADC GM, foi possível perceber que o Bolt acelera pra valer. Os 36,7 kgfm de torque são suficientes para alegrar o mais crítico mais ranzinza dos carros elétricos.
De forma geral, dirigir o Bolt é igual a um carro automático convencional, apesar da total falta de ruído proveniente do motor poder causar alguma estranheza inicial. O painel traz gráficos que permitem ao motorista monitorar a eficiência de sua condução, o consumo da carga das baterias e o sistema regenerativo.
Os freios regenerativos permitem recuperar parte da energia cinética que seria dissipada na forma de calor pelos freios convencionais, convertendo-a em energia elétrica que pode ser armazenada na bateria.
No caso do Bolt, o sistema regenerativo pode atuar através de uma alavanca atrás do volante, funcionando como uma espécie de freio adicional de acionamento manual, ou ser controlado pelo próprio pedal do acelerador quando o modo “Low” de condução está selecionado. Neste caso, a experiência ao volante é bem interessante e diferenciada, permitindo que se trafegue sem necessidade de acionamento constante dos freios convencionais, bastando alterar a pressão no pedal acelerador. Poderíamos fazer uma analogia a andar com um carro convencional com uma marcha curta engatada (primeira ou segunda), circunstancia em que o freio motor é muito forte e basta tirar o pé do acelerador para que o carro reduza sua velocidade.
BOLT NO BRASIL?
Apesar da experiência proporcionada pela General Motors aos jornalistas especializados, a vinda do Chevrolet Bolt para o Brasil, ao menos por importação oficial do fabricante, é bastante improvável. O motivo é o preço, pois, segundo algumas estimativas, sem incentivos fiscais o modelo chegaria às lojas por cerca de R$ 300 mil, equivalente ao de um Camaro. Nos EUA, o Chevrolet Bolt custa a partir de US$ 37.495, mas, mesmo por lá, existem incentivos fiscais que podem reduzir esse valor inicial para US$ 29.990.
R7