Salvador terá cinco anos para se adequar ao novo sistema
Não é difícil perceber, é só olhar para o céu, que eles estão lá. Os fios cortam toda a Bahia de um lado a outro, e a visão muitas vezes não é das melhores. Mas essa confusão de fios pode estar com os dias contados, tudo por conta do Projeto de Lei nº 12.458/2001, de autoria do presidente da Assembleia Legislativa, deputadoAngelo Coronel (PSD). O Projeto obriga a fornecedora de energia (Coelba), fazer cabeamento subterrâneo das redes elétricas de todas as cidades doestado da Bahia, com mais de 100 mil habitantes. Será considerado o prazo de 5 anos para capital se adequar ao novo sistema e 10 anos para as cidades do interior.
Mas há os que defendem e os que são contra o projeto. Em favor da mudança é apontado que as ruas ficarão mais bonitas por não ter aqueles fios emaranhados nos postes, há menos riscos de acidentes com fios de alta-tensão, diminuirá os apagões nos bairros causados por queda de raios, sem falar na economia a longo prazo por dificultar o roubo de energia e das fiações que estarão nas redes subterrâneas e não mais nos postes. O deputado Angelo Coronel, destacou as vantagens que o Projeto traz para os baianos. “Essa é uma tendência dos grandes centros. Você melhora a estética, dá mais segurança, preserva o meio ambiente, pois não precisa ficar podando árvores, por conta dos acidentes. Sem falar nos lugares que as árvores caem em cima da fiação e geram curto circuito”, conta o criador do Projeto de Lei.
Os que são contra a PL apontam as dificuldades estruturais que o Projeto irá trazer. Os custos para a mudança são elevados, cerca de dez vezes mais caros que a rede aérea, além da necessidade de reestruturação na cidade e de mão de obra especializada. A concessionária é contra a mudança e conta que vai implicar no envolvimento de outros órgãos. “A rede subterrânea requer o mapeamento do solo das cidades para escavações de calçadas e vias públicas, o que, inevitavelmente, provoca interferência no contorno urbano e gera impactos socioambientais”, disse a Coelba em nota para o Bahia Notícia. A coordenadora da Câmara Especializada de Engenharia Elétrica do Crea-BA, Cristina Abreu, questiona as condições para tal mudança, “Será que as cidades com mais de 100 mil habitantes terão estrutura para arcar com os custos dessa mudança? Há municípios que não têm saneamento, será que terão condições de implantar uma rede subterrânea?”.
Mas os impasses dos que defendem e os que são contra o PL giram em torno de todo país, mesmo assim, as mudanças caminham aos poucos. Cidades como São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Brasília já usam o novo modelo. No âmbito mundial, Estados Unidos, França, Alemanha e Áustria já abandonaram as redes aéreas há bastante tempo. O projeto também abre mercado para área de engenharia, já que, para se colocar em prática, será necessário realizar a elaboração dosprojetos elétrico e de dados, construção da rede elétrica e estudos técnicos para alteração do modelo aéreo para subterrâneo. Estas atividades sãorealizadas por engenheiros da área de civil e elétrica.