Um estudo divulgado nesta segunda-feira pela revista especializada “Nature Genetics” identificou 12 novas variantes genéticas que aumentam o risco de desenvolver câncer de ovário.
Um rastreamento genético no DNA com quase 100 mil pessoas, sendo 17 mil com o tipo mais comum da doença no ovário, detectou 12 variantes genéticas inéditas que aumentam o risco de ter a enfermidade e confirmou 18 variações já identificadas. A investigação foi realizada pelo consórcio OncoArray Consortium, formado por 418 cientistas britânicos, americanos e australianos, de quase 300 departamentos diferentes.
De acordo com a organização Cancer Research UK, 7.378 novos casos desse tipo de câncer foram detectados no Reino Unido em 2014, dos quais nove de cada dez foi carcinoma epitelial de ovário.
“Sabemos que a constituição genética de uma mulher representa, aproximadamente, um terço da chance de desenvolver câncer de ovário. Este é o componente hereditário do risco de padecer a doença”, explicou Paul Pharoah, da Universidade de Cambridge, no Reino Unido.
O especialista afirmou à “Nature Genetics” que apesar de existirem poucas certezas sobre quais fatores ambientais aumentam o risco, sabe-se que existem elementos “que reduzem a possibilidade de desenvolver câncer de ovário, entre eles tomar pílula anticoncepcional, fazer ligaduras de trompas e ter filhos”.
Segundo o estudo, os defeitos hereditários encontrados em genes como BRCA1 e BRCA2 representam cerca de 40% do componente hereditário e, embora esses defeitos sejam raros eles estão associados a um alto risco de desenvolver o câncer – 50% para os portadores do BRCA1 e 16% para os BRCA2 – e também de desenvolver o câncer de mama. Quanto as variantes comuns entre a população – presentes em mais de uma de cada 100 pessoas -, representam a maior parte do resto dos componentes de risco herdados.
Antes deste estudo, os cientistas tinham identificado 27 versões comuns entre o genoma associado ao risco de desenvolver um câncer de ovário.
O consórcio OncoArray Consortium estudou o genoma de mais de 25 mil mulheres com câncer de ovário epitelial e o comparou com o de quase 41 mil pessoas saudáveis. Depois, analisou os resultados de outros 31 mil portadores de mutações dos genes BRCA1 e BRCA2, que incluíam quase 4 mil pacientes com câncer de ovário epitelial.
Segundo o estudo, isto permitiu aos cientistas identificar outras 12 mutações associadas ao risco de desenvolvê-lo e confirmaram a associação de 18 já detectadas.
“O câncer de ovário é sem dúvida uma doença muito complexa, inclusive as 30 variantes de risco que agora sabemos que aumentam o risco de desenvolver a doença representam só uma pequena fração do componente hereditário”, afirmou Catherine Phelan, do Moffitt Cancer Center, nos Estados Unidos.
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