Após percorrer cidades de Portugal e Espanha, o projeto Tejopará vai compartilhar a experiência com os conterrâneos de Juazeiro, com apresentação neste sábado (12), às 8h, na Fundação Lar Feliz, bairro de Malhada da Areia. O grupo, formado pela produtora Steffane leal, a cantora Andrezza Santos, o músico Fernando Nunes e o artista plástico Alex Moreira, vão mostrar as músicas, artes plásticas e literatura que encantaram o antigo continente. Eles realizam também workshop para discutir os resultados da viagem e trazem ainda na bagagem o fado português, resultado do encontro entre os rios Tejo e Opará (Rio São Francisco), proposta do projeto.
A Turnê Tejopará – Rios que cantam foi realizada no mês de maio com apoio do Fundo de Cultura da Bahia, através do Edital de Mobilidade Artístico e Cultural. A proposta foi mostrar a cultura baiana e sua relação com o Rio São Francisco (Opará, ou rio-mar, como era conhecido pelos índios que habitavam sua bacia na época do descobrimento do Brasil) através de canções, poemas e artes que simbolizam as questões sociais e poéticas dos artistas ribeirinhos. Segundo Steffane Leal, a receptividade foi imensa e o grupo acabou realizando algumas apresentações além das previstas inicialmente nas localidades de Almada, Coimbra e Sei. Lisboa também recebeu o projeto, que acabou atravessando a fronteira para apresentações na Espanha. “Foi uma experiência muito interessante e acabamos também nos encantando pelo fado, incorporando algumas canções ao show”.
O show na Fundação Lar Feliz é o fechamento do projeto, sendo considerado como contrapartida dentro do Edital de Mobilidade. A instituição abriga crianças em situação de vulnerabilidade social e a realização do evento pela manhã possibilitará um bate-papo com a comunidade local, seguindo com a programação do Dia da Família. “Mostramos nossa música, composições e poemas de artistas da terra como Milton Freitas e Manuca Almeida e os portugueses se encantaram com nossas carrancas ribeirinhas, principalmente com o trabalho de Alex Moreira, que é realizado utilizando o carvão como matéria prima”.
Entre as músicas apresentadas, muitas canções ribeirinhas, com ritmos que vão do forró à MPB, Marujada, Samba de Veio e Rodeadouro, em canções que homenageiam o Velho Chico e o Tejo, como Canoa do Tejo, de Frederico de Brito, e Novos Cantos, de Eduardo Filipe. O projeto apresentou aos portugueses ideais como preservação, conservação e a cultura em torno do Velho Chico. “É um projeto que surgiu da nossa convivência, em Juazeiro, com o Rio São Francisco. Foi uma troca de experiências e também divulgação com relação ao nosso rio”.
O Edital de Mobilidade realizou quatro chamadas em 2017, sendo que a última delas encerra as inscrições neste sábado (12), para projetos com atividades previstas para os meses de fevereiro a abril de 2018. Para o superintendente de Promoção Cultural da SecultBA, Alexandre Simões, o edital permite esse formato de interação entre a cultura baiana e outras praças no País e fora dele. “O edital proporciona aos artistas vivências, além de divulgar o que de melhor está sendo produzido no Estado, abrindo novos horizontes. Os artistas e produtores levam o melhor da Bahia e trazem na bagagem experiências que serão multiplicadas localmente”.
A linha de fomento do Fundo de Cultura da Bahia (secretarias da Fazenda e da Cultura) é voltada para ações que impulsionem a circulação de artistas, técnicos, produtores e obras dentro do Estado, no País e exterior. Os artistas e agentes da cultura podem propor atividades de intercâmbio e difusão cultural – com valor limite de R$ 50 mil – e residência e formação artístico-cultural – R$ 25 mil. A seleção envolve recursos de R$ 250 mil do FCB.