Chico Araújo
O Baianão foi vencido pela melhor campanha. A dupla Ba-Vi como sempre protagonizou a competição que acabou sendo decidida no comprometimento maior que o Leão teve durante o campeonato. Desde o início, o tricolor deixou claro que sua ambição maior era o Nordestão e foi também o primeiro time a anunciar que colocaria em campo um time B para a disputa. O rubro-negro chegou a usar um time mesclado, deu também atenção ao Campeonato do Nordeste, mas foi inteligente ao fazer os resultados necessários para garantir a vantagem na final. E, foi com a vantagem, que conquistou o título com dois empates, na Fonte (1×1) e no Barradão (0x0), seu domínio – vantagem de jogar em casa por ter uma melhor campanha.
Méritos? Sim, sem dúvida. Os times se equivalem, apesar de o Vitória ter um melhor banco de reservas. Faltou ao Bahia mais investimentos para formar um elenco forte. O time principal, aquele que foi poupado para o Nordestão e a Copa do Brasil (da qual o time saiu cedo), tem mostrado que é competitivo e chegou à final do Campeonato do Nordeste com a melhor campanha e apenas uma derrota, justamente para o Leão (2×1 no Barradão). Mostrou ser melhor com o 2×0 na Fonte Nova, mas já sem Hernane e também com a falta de substituto para Régis (nome hoje imprescindível na formação da equipe), não teve forças para tirar a vantagem do agora bicampeão baiano, o Vitória.
O Leão tropeçou no Nordestão e mostrou que precisar estar mais atento e forte para a competição nacional que se aproxima, a cereja do bolo, o Brasileirão. Deixou escapar em casa a vaga da Copa do Brasil para o Paraná, time que disputa a segunda divisão e que nem se classificou para as finais do estadual. No Baianão mostrou ter um elenco mais qualificado, venceu quase tudo e ainda sagrou-se campeão invicto. O triste da competição foi ver as finais disputadas em estádios com torcida única, mas que, ao final, teve festas dos dois lados.
Que iniciem os jogos vorazes
O Bahia ainda tem uma grande missão no ano: mostrar que priorizou o Nordestão com razão. O time foi campeão do último campeonato do Nordeste realizado em grande estilo. Aliás, bicampeão das duas únicas edições, em 2001 (em cima do Sport, na Fonte Nova) e 2002 (em cima do Vitória, no Barradão). Vai ter que dar um alento à torcida, já que tropeçou nas próprias pernas no Baianão, deixando o título para o grande rival. Ao mesmo tempo, inicia a preocupante caminhada do Brasileirão. Digo preocupante, pois é sempre um sofrimento para as torcidas locais a participação dos seus dois grandes clubes. Domingo próximo já tem Avaí x Vitória e Bahia x Atlético PR. Que iniciem os Jogos Vorazes…
O tricolor valoriza as duas estrelas conquistadas em 1959 e 1988. Difícil imaginar que um time nordestino volte a conquistar um título nacional com o atual formato de pontos corridos. É preciso ter um bom cofre, uma boa administração, ser focado, estratégico, saber contratar (e olha que os figurões, mesmo com boas propostas, preferem os times do sul), ter bons olheiros para descobrir bons nomes nas divisões inferiores e campeonatos regionais… Bahia e Vitória precisariam aprender com os profissionais que atuam no interior paulista.
Mas, vamos acreditar que esse ano nossos times vão fazer bonito, o que significa não correr o risco de rebaixamento e ainda tentar beliscar uma vaga na Libertadores, coisa que o Bahia orgulha-se já ter disputado em três oportunidades e que ainda é um sonho para os rubro-negros.
O título baiano e, talvez, o nordestino é o possível ainda dentro da realidade do nosso futebol. Vamos ver como a semana se desenrola. Os times vão abrir o caixa para contratar visando os 38 jogos com selo de primeira que vêm por aí. Que contratem bem, que não busquem jogadores em final de carreira, promessas criadas pela grande mídia, que não acreditem em tudo que os DVDs e o Youtube mostram, que sejam humildes e assumam erros, que dêem credibilidade aos técnicos – que são sempre os primeiros a ser degolados -, que façam valer o mando de campo e façam a festa para suas torcidas – uma boa campanha em casa já garante, pelo menos, a permanência na Série A – e que as torcidas sejam felizes no final do ano.
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Chico Araújo é jornalista