Lembra da vuvuzela? Pode ser divertido, mas a audição pode ficar seriamente comprometida quando a pessoa é exposta a ambientes com barulho demasiado. De acordo com o otorrinolaringologista Edson Ibrahim Mitre, da Associação Brasileira de Otorrinolaringologia, se expor a sons com intensidade igual ou maior do que 85 decibéis pode causar danos à audição como zumbido, sensação de “ouvido tampado” e até mesmo perda auditiva.
Segundo o médico, para que a pessoa saiba se o ambiente está com volume excessivo e gerando riscos, é importante prestar atenção a alguns detalhes. “Em tendo dificuldades para entender o que um interlocutor nos diz, ou então, se ao falarmos necessitamos aumentar a intensidade da voz, estaremos em um ambiente sonoro insalubre e o indicado é solicitar ao responsável que diminua o volume do som ou então deixarmos o local”, destaca.
É comum que as vitórias sejam comemoradas com foguetes e rojões. Mas, segundo o médico, ainda pior do que o som ambiente em volume muito alto, são os danos que o estouro de um rojão pode causar. Ele explica que podem ocorrer lesões na membrana timpânica e nos ossículos do ouvido e, em situações mais graves, pode haver lesão da porção mais interna do ouvido, onde ficam as células nervosas. “Estas lesões podem causar problemas auditivos irreversíveis, pode ocorrer até mesmo a perda total da audição”, alerta.
Para se proteger e minimizar o risco de alguma lesão, Mitre indica o uso de protetores auriculares, eles podem ajudar na redução da exposição ao barulho. “Mas o que deve ser lembrado é que a melhor prevenção é não gerar ruídos muito intensos, bem como evitar locais onde o som ambiente esteja alto ou pessoas estejam soltando fogos de artifícios” alerta o especialista. De acordo com o otorrinolaringologista, lesões que acometam a membrana timpânica e ossículos podem necessitar tratamento cirúrgico, enquanto as lesões na porção mais interna dos ouvidos causam danos irreversíveis e o tratamento é mais complexo e com resultados muito limitados, muitas vezes com a necessidade de uso permanente de aparelhos auditivos.
O coração também sofre durante a copa. Uma pesquisa publicada pelo periódico científico Bristish Medical Journal analisou a movimentação nos hospitais da Inglaterra durante o Mundial da França, em 1998. O estudo mostrou que no dia em que o país foi eliminado pela Argentina, nas oitavas de final, e nos dois dias seguintes, houve um aumento de 25% no número de internações por infarto. A conclusão do estudo sugere que uma chateação emocional, como assistir ao seu time perder uma partida importante, pode ser gatilho para um ataque cardíaco. “Essa foi uma das primeiras evidências científicas a fazer a relação entre a ocorrência de infarto e o estresse de um evento como o mundial de futebol”, diz o cardiologista Marcelo Franken, do Hospital Israelita Albert Einstein.
De acordo com o Helio Castello, cardiologista do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, o aumento no número de infartos se deve, provavelmente, ao aumento súbito da carga de estresse. Isso causa maior liberação de substâncias que desencadeiam aumento nos níveis de pressão arterial, maior frequência cardíaca e consequentemente maior força de trabalho do coração e, portanto, maior consumo de oxigeno pelo músculo cardíaco. “Desta maneira, pacientes que previamente apresentam obstruções coronárias, predisposição para arritmias ou hipertensão, disparam um gatilho que causa uma emergência cardiovascular”, explica o médico.
O que também prejudica o coração são os excessos gastronômicos e de bebidas alcoólicas. De acordo com o cardiologista, a combinação churrasco e cerveja pode levar ao aumento do risco cardiovascular. Isso sem contar o consumo elevado de sal encontrado em alimentos processados e embutidos como linguiça, mortadela, presunto e alguns queijos. Isso pode contribuir para quadros de pressão alta ou dificultar seu controle em quem já é hipertenso. Além disso, certos cortes de carne, como a picanha, são ricos em gordura, nutriente que, consumido acima do recomendado, eleva as taxas de colesterol, favorecendo o entupimento das artérias.
E ainda tem o fator clima, que também influencia o funcionamento do coração. A Copa do Mundo acontece durante o inverno brasileiro. Uma pesquisa desenvolvida pelo Hospital Albert Einstein, revelou que entre os meses de junho e agosto, que são marcados por temperaturas mais amenas, as internações nos hospitais públicos da cidade de São Paulo por infarto chegam a ser 16% maiores do que no verão. Um dos motivos é que o frio faz os vasos se contraírem, o que eleva tanto a liberação de adrenalina quanto a pressão arterial.
Castello alerta que, mesmo em dias de jogos, os torcedores com problemas cardiovasculares e os hipertensos não devem deixar de tomar a medicação prescrita pelo seu médico. “A euforia da partida não pode ser pretexto para o paciente deixar de tomar sua medicação e descuidar da saúde”, afirma.
Pintar o rosto para torcer pelo Brasil pode não ser uma boa ideia. Principalmente se o material usado não for específico para pele. A dermatologista Michele Haikal, da Sociedade Internacional de Dermatologia, explica que a pele é permeável e, por isso, acaba absorvendo estes produtos – isso pode causar reações alérgicas que podem variar de leves a severas. A médica explica que as substâncias orgânicas, que não possuem química envolvida e são mais naturais, são as mais indicadas para este tipo de pintura. “Existem tintas orgânicas, maquiagens orgânicas que podem ser usadas para este tipo de pintura e que não vão causar problemas para o torcedor”, destaca a especialista.
R7