Chegou o fim de ano e com ele o tão aguardado 13º salário. Muitos trabalhadores contam dias para receberem esse dinheiro extra, seja para quitar dívidas, viajar, investir em compras de bens pessoais ou abrir uma poupança. Mas qual seria melhor forma de usar esse dinheiro de modo a ficar com a vida financeira em dia e entrar o próximo ano sem problemas? O especialista em finanças Antônio Carvalho dá dicas que podem ajudar os trabalhadores a organizarem o planejamento financeiro.
Quitando as dívidas
“O 13º foi instituído para ser uma renda extra no fim de ano, necessária para custear as festas, comprar presentes e antecipar despesas extras. Infelizmente, mais de 90% das pessoas o utilizam para quitar dívidas acumuladas”, aponta Carvalho, professor nos cursos de Administração e Ciências Contábeis da Unijorge. Para ele, isso acontece porque nem sempre o indivíduo administra o seu consumo com base na sua renda, o que acarreta em dívidas seguidas de juros e desperdício de dinheiro.
Caso as dívidas já estejam instaladas, o recomendado é usar o 13º para quitá-las, e se planejar para que isso não volte a acontecer. “Se o valor recebido não é suficiente, recomenda-se escolher as dívidas que cobram juros mais altos para quitar ou negociar todas e usar o 13º para dar entradas e parcelar os saldos restantes de forma compatível com a sua renda”, explica.
Despesas fixas
O especialista também faz um importante alerta ao destacar a necessidade de separar parte do dinheiro para despesas existentes no início do ano, como IPTU, IPVA e Imposto de Renda, além de gastos com matrícula dos estudantes, livros e materiais escolares. “Essas despesas de início de ano são geralmente as que deflagram o processo de endividamento e desequilíbrio financeiro que acaba se estendendo por muito tempo”, alerta. Nesse caso, ele indica que uma das opções é usar o 13º para antecipar o pagamento desses itens futuros.
Lazer
O dinheiro do 13º é uma boa oportunidade para gastos em viagens e celebrações, itens considerados indispensáveis para harmonia, o equilíbrio emocional e social da família. No entanto, se mal administrado, esses gastos também podem contribuir para o ciclo de dívidas “O problema é que o valor do 13º dificilmente é suficiente para custear a viagem ou as festas, dessa forma a maioria das pessoas e famílias acabam por se endividar comprando produtos ou financiando a viagem em cartão de crédito ou outra modalidade de financiamento e assim, já começam o ano endividados”.
Investimento
Para o trabalhador que está com o orçamento em dia, uma boa opção é realizar investimentos. Historicamente, a poupança não é atrativa em termos de rendimentos, e atualmente rende em torno de 8% ao ano. Por isso, o professor destaca que existem outras opções a serem consideradas, a exemplo da Letra de Crédito Imobiliário (LCI), Letra de Crédito Agrícola (LCA) e Título do Tesouro Direto, que rendem em torno de 8,5% ao ano e possuem melhores retornos se aplicados a prazos maiores.
Planejamento
Para evitar usar o 13º apenas com dívidas, o ideal é realizar um planejamento financeiro. O principal é ter consciência do tamanho da sua renda e estabelecer as prioridades de consumo, além de planejar a aquisição de bens e serviços de modo a evitar compromissos financeiros desnecessários. Carvalho aponta que tudo é valido na hora de se organizar financeiramente, desde cadernetas, planilhas eletrônicas, até aplicativos de celulares. “O importante é ter um instrumento de registro e controle. Não confie na sua memória. Ao se defrontar com um anúncio ou uma promoção, é necessário ter a certeza de que dispõe do poder de compra, ou seja, de que tem dinheiro disponível para não se endividar e começar o ano no vermelho”, finaliza.