Tecnologia, festa, acampamento, e oportunidade de negócio. A primeira edição da Campus Party Bahia foi aberta nesta quarta-feira (9), na Arena Fonte Nova, onde permanece até domingo (13). O evento reúne todo tipo de inovação voltada para a área de tecnologia. Cerca de 60 startups e universidades estão representadas entre os participantes.
O governador Rui Costa afirmou que com o evento, a Bahia entra no mapa internacional da tecnologia. “A Bahia é singular, tem um povo criativo na arte, na música, na dança, no teatro e agora nós deixaremos a marca da nossa criação na tecnologia. Tem baiano brilhando em vários cantos do mundo e estamos trazendo a referencia da Campus Party para o Estado. Espero que isso induza os jovens a entrarem no mundo tecnológico e, mais do que isso, a atraírem negócios no segmento, gerando emprego e renda para os baianos”.
O fomento à inovação, oferecido pela Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação (Secti) proporcionou a Maciel Barreto, 33 anos, baiano de Porto Seguro, o título de tricampeão mundial de modificação de gabinetes de computadores. Com seu trabalho exposto na Campus Party, Maciel afirmou que o evento é uma oportunidade única. “Eu crio e personalizo gabinetes de computadores. Através de eventos como esse eu conheci ser reconhecido no mundo inteiro, como na Computex, na China, que eu já participo há três anos. Para isso, eu recebi um incentivo da Secretaria da Ciência, Tecnologia e Inovação, e hoje estou aqui, mostrando meu trabalho”.
O idealizador da Campus Party, Francesco Ferruggio afirmou que o evento promove diversos acontecimentos simultaneamente. “Temos um camping, e tem gente do Piauí, de Brasília, de Santa Catarina, de todas as regiões do Brasil. Teremos um espaço fechado com workshops, palestras. Temos atividades fora do programa oficial”. Segundo ele, a arena funciona 24 horas, e com estandes abertos para todos, de livre acesso. “Haverá corrida de drones com os melhores pilotos do Brasil, guerra de robô, olimpíadas de robótica, simuladores de última geração, hologramas, um monte de coisas para viver a tecnologia”.
São quarenta mil pessoas participando na área aberta do evento, contando com visitantes. Três mil e quinhentas barracas abrigam “campuseiros” de todas as regiões do Brasil. A campuseira Stefane arruda, 28, está acampada na Fonte Nova. “Eu já participei em 2013, em São Paulo. Vida de campuseira é resenha, fazer novos amigos, assistir palestras, principalmente de startups”.
Para o secretário de Ciência, Tecnologia e Inovação, Vivaldo Mendonça, o evento é uma grande oportunidade para testar soluções, trocar conhecimentos, trabalhar com integração, fazer experimentações. “A Campus é um espaço que permite uma integração plena com o que há de mais avançado no mundo. Todo mundo que participa é beneficiado”.
Campus Party
Cerca de 40 mil pessoas são esperadas nos próximos dias para participar da Campus Party Bahia, em Salvador. O evento é considerado o maior em experiência tecnológica do mundo e é sediado pela primeira vez no estado.
A Arena Fonte Nova, tradicional palco do futebol baiano, receberá os chamados campuseiros. O evento nunca foi realizado anteriormente em um estádio. “Como em qualquer evento internacional, a cidade faz uma carta se candidatando, a gente faz visitas técnicas ao local, conhece as possibilidades e realiza. A Fonte é um local bem interessante, com infraestrutura interessante, inclusive de internet”, explica o diretor-geral da Campus Party Brasil, Tonico Novaes.
A Campus Party Bahia começa oficialmente hoje (9) e segue com a programação até o próximo domingo (13). “As expectativas [para o evento] são altíssimas, esgotamos as vendas em três semanas. Esperamos receber um grande público qualificado para comemorar a primeira Campus Party na Bahia. A ideia é mostrar para algumas comunidades, até excluídas da sociedade, que elas podem ganhar com isso e se inserir no mercado de trabalho em diversas temáticas da tecnologia. Um ambiente colaborativo e de compartilhamento é muito mais saudável para qualquer sociedade”, defendeu Novaes.
Campuseiros
Os campuseiros são os 4 mil participantes que se inscreveram antecipadamente e pagaram uma taxa para acamparem nas 3,5 mil barracas, instaladas em uma área específica do estádio. Os portões da Fonte Nova foram abertos às 12h de hoje, quando caravanas de estudantes, expositores e participantes formaram filas para o credenciamento. Entre eles, uma turma ainda se recuperava das 14 horas de viagem, vinda de Barreiras, região Oeste da Bahia.
“Foi bem cansativo chegar aqui, é uma feira muito ampla, é muito bom aprender mais, conhecer pessoas e novidades. Não me considero nerd, mas sou amante da tecnologia, dos games e é por isso que eu vim. Faço questão de participar da maioria das palestras e das atividades que envolvem a robótica”, relata Vinícuos Reis, de 16 anos, que cursa o 2º ano do ensino médio, em Barreiras.
Gustavo Aveiro tem 18 anos e, apesar de paulistano, estuda Análise de Desenvolvimento de Sistemas, no Instituto Federal da Bahia. Ele diz que a Campus “tem tudo a ver” com ele.
“A parte de desenvolvimento é o que mais me interessa. Eu gosto dos games, mas prefiro o desenvolvimento e fortalecer o networking”, disse o estudante, enquanto aguardava na fila do credenciamento.
Apesar de a maior parte dos campuseiros ser composta por jovens, adultos que se interessam pela temática também arriscaram a maratona de dias de acampamento. É o caso da nutricionista de Salvador Edineusa Fernandes, de 31 anos, que se diz apaixonada por jogos de realidade virtual. “Quero aproveitar tudo que tiver de tecnologia, principalmente os jogos e as novidades. Quero muito ver a palestra da Mônica Souza [filha do cartunista Maurício de Souza], saber o que tem de novidade no mercado dos jogos de realidade virtual, porque é o que mais gosto de praticar”, diz.
Além dos participantes, parte do público veio para compartilhar experiências e histórias ligadas à tecnologia e desenvolvimento humano. A palestrante Arlete Scheleider integra um projeto social em Curitiba que insere jovens entre 12 e 18 anos no mundo da tecnologia. A ideia é empoderá-los a partir do conhecimento tecnológico para que sejam capazes de resolver problemas dos locais onde vivem e até do mundo.
“A Campus é o local onde encontro as duas vertentes do instituto: consigo falar com jovens e saber como eles vêem as tecnologias, o que esperam disso. A gente vai apresentar o painel para falar do nosso projeto e relatar a nossa experiência. A tenologia é um futuro imutável e a gente tem que investir nos jovens e ensiná-los a usá-la para o bem, não somente com jogos e entretenimento – o que é saudável -, mas há outras formas de melhorar o aprendizado e resolver problemas da comunidade”, acredita.
Atividades
Para quem não pagou a inscrição da Campus Party Bahia, uma área da Fonte Nova foi montada para receber o público de forma gratuita. A Open Campus oferece diversas atividades, exposições e tendas de parceiros do evento e de empresas. O espaço será aberto amanhã (10), às 10h, e funcionará até as 21h. As crianças terão um espaço exclusivo – Campus Kids – para atividades lúdicas, que também envolvem tecnologia. Outra área de destaque do evento é a Campus Future, onde haverá exposição e divulgação de projetos acadêmicos de destaque na área de tecnologia, criatividade e impacto social.
Ao todo, a Campus terá 250 horas de conteúdo, incluindo torneios tecnológicos, entre eles o Campeonato Brasileiro de Drones. Outro evento de destaque será a etapa baiana da Olimpíada Brasileira de Robótica, da qual participarão 407 alunos, entre 8 e 18 anos, de 44 escolas públicas e privadas.
Entre os palestrantes, está prevista a presença da biocientista israelense Ada Yonath, ganhadora do Prêmio Nobel de Química de 2009, pelas pesquisas feitas sobre o código genético. Ada foi a primeira mulher do Oriente Médio a ganhar um Nobel em ciências e a primeira mulher a receber um Nobel em Química.