Em meio à pandemia do novo coronavírus, a chegada do Dia Nacional de Combate ao Fumo, comemorado neste sábado, 29, chama a atenção para a preocupante relação entre o tabagismo e a Covid-19. Maior fator de risco evitável de adoecimento e morte no mundo, o tabagismo é ainda fator de risco para pessoas contaminadas pelo coronavírus. Isso porque os fumantes estão mais suscetíveis a desenvolverem sintomas mais graves da doença.
De acordo com a pneumologista Dra. Larissa Voss Sadigursky, o consumo do tabaco é responsável por causar diversos tipos de inflamações, prejudicando os mecanismos de defesa do organismo. “Por conta desse cenário, os fumantes possuem maiores riscos quando infectados por vírus, a exemplo do SARS-CoV-2, bem como bactérias e fungos. Sendo assim, existe o risco de desenvolverem pneumonia, traqueobronquites, sinusites e tuberculose”, afirma a especialista.
Além de ser fator de risco para a Covid-19, o tabagismo pode também colaborar para um cenário de complicações para pacientes que já tiveram quadro de coronavírus, sobretudo na forma mais grave. “Isso acontece porque os pacientes fumantes podem ter seu quadro clínico de base piorado. Caso o paciente possua uma alteração fibrosante, em decorrência da Covid, uma cicatriz que ele desenvolveu em função da doença, e se for fumante, a tendência é piorar esse cenário”, explica.
O tabagismo constitui fator de risco para diversos tipos de câncer, a exemplo do câncer de pulmão, câncer de cabeça e pescoço, de bexiga, rim, entre outros. Além de ser fator de risco para a Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC), também pode contribuir para o desenvolvimento de bronquite crônica, enfisema no pulmão relacionado ao cigarro, doenças vasculares, a exemplo do infarto agudo do miocárdio, Acidente Vascular Cerebral (AVC), trombose arterial, entre outros.
De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (Inca) e o Ministério da Saúde, 18% da população brasileira são fumantes. Os homens fumam mais que as mulheres; 22,7% deles têm o hábito de fumar, enquanto nas mulheres a prevalência é de 16%.
Passivos
“A fumaça do cigarro traz diversos problemas, mesmo para quem não fuma. Sendo assim, essas pessoas estão expostas aos componentes tóxicos que se encontram na fumaça do tabaco e no ambiente”, alerta a especialista. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), fumar passivamente é a terceira maior causa de mortes evitáveis do mundo. Segundo o Inca, fumantes passivos têm um risco 30% maior de contrair câncer de pulmão e 24% maior de infarto do coração do que os não-fumantes.
Por conta desse cenário, Dra. Larissa reforça a importância de parar de fumar. De acordo com a especialista, os benefícios são imediatos. “Entre 12 e 24 horas sem fumar, os pulmões já vão funcionar melhor. Cerca de dois dias após parar de fumar, o olfato já percebe melhor os cheiros e o paladar, já degusta melhor a comida. Em três semanas, a respiração se torna mais fácil e a circulação melhora. Quanto mais cedo você parar de fumar, menor o risco de adoecer”, pontua.