Quando percebeu que o filho de dois anos estava com coceira, vermelhidão e descamação nas pernas e braços, a jornalista Renata Cardoso logo procurou um médico. O profissional que fez o atendimento disse que Joaquim tinha uma “bobagenzinha” e que uma simples pomada contra assaduras resolveria o problema. Não adiantou, e chegou ao ponto de as feridas sangrarem. Somente dois anos depois, ela conseguiu o diagnóstico correto para o filho: dermatite atópica. Apesar de desconhecida da maior parte da população, a doença acomete 40 milhões de brasileiros.
— Quando os machucadinhos começaram a sangrar procurei em desespero uma outra opinião médica que, desta vez, passou o diagnóstico correto. Precisei comprar um sabonete especial que contém o pH compatível com o da pele sensível e cuidar mais da hidratação da pele do Joaquim, mas ainda bem que hoje a doença está controlada.
O tratamento do menino foi feito com pomada à base de corticoide nas regiões atingidas pela doença. Hoje, aos seis anos, Joaquim mantem a pele hidratada com a ajuda da mãe. Desde o diagnóstico, ele não teve mais crises.
— Agora no inverno eu fico na cola dele para que não se esqueça de passar o creme. Ele mente porque não gosta de passar, mas tem que ficar em cima, se não a pele resseca muito.
Entenda a doença
A dermatite atópica faz parte da chamada tríade atópica. São três doenças alérgicas que têm características semelhantes, mas sintomas diferentes: a rinite, a bronquite e a dermatite. Quando um dos pais tem uma delas, a criança tem 25% de chance de apresentar alguma também em algum momento da vida, e as chances aumentam para 50% se os dois tiverem. Por ser a menos conhecida das três, a dermatite costuma a ser de mais difícil diagnóstico, explica a dermatologista da SBDRJ (Sociedade Brasileira de Dermatologia do Rio de Janeiro) Gabriella Albuquerque.
— A dermatite atópica é a doença crônica de pele mais comum e se caracteriza pela coceira, ressecamento de pele e manchas vermelhas. A doença tem associação genética e muitos apresentam quadros de rinite e asma associados.
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Um dos gatilhos da dermatite atópica é o clima frio porque é justamente a época em que a nossa pele costuma ficar mais ressecada, mas ela também pode ser desencadeada por estresse, dias frios e crises alérgicas associadas, como rinite, além de fatores ambientais associados a fatores genéticos, como poeira, infecções bacterianas e estresse. A doença não tem cura, mas exige controle para evitar as crises.
Banho de mar é uma forma barata de tratar a dermatite atópica
Banho de mar é uma forma barata de tratar a dermatite atópica
Marta Santos, do R7
Apesar de incômoda, a doença não é contagiosa, mas pode causar estigma em pessoas com quadros mais graves, afirma Gabriella. A doença costuma aparecer cedo, a partir dos três meses de idade, e, na maioria dos casos, diminui a incidência a partir dos 12 anos, explica Gabriella.
— Em adultos, a doença costuma aparecer nas regiões de dobras, como atrás dos joelhos, cotovelos, axilas, embaixo das mamas, umbigo e virilha. Já bebês com menos de dois anos, têm bastante nas bochechas, braços e perninhas. Ela não desaparece totalmente, mas, na maioria das pessoas acontece remissão da doença a partir dos 12 anos em 60% dos casos. Isso acontece porque os hormônios sexuais começam a produzir secreção pela glândula sebácea, a pessoa passa a suar mais e a apresentar mais oleosidade na pele e, consequentemente, mais hidratação. Além disso, a criança desenvolve mais anticorpos na medida em que vai crescendo.
Hidratação é fundamental
A dermatologista orienta a todas as pessoas hidratar a pele após o banho, principalmente, os portadores da dermatite atópica.
— Não tomar banhos demorados e nem muito quentes, usar sabonete apenas nas partes íntimas, axilas e virilhas e sempre hidratar a pele após o banho para preservar o manto lipídico da pele. E nada de coçar as feridas! O ideal é aplicar o hidratante sempre após o banho porque a pele está úmida, o que ajuda a aumentar a ação de hidratação. Para quem tem dermatite atópica os hidratantes mais indicados são os com ceramidas, que é um lipídeo da pele. Os portadores da doença têm deficiência na produção desse lipídeo.
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Outra forma barata e eficiente de tratar a doença é tomar banho de mar.
— Estudos comprovam que a água do mar é rica em sais minerais e metais, como cálcio, magnésio, sódio, potássio e ferro. Com isso o mergulho no mar ajuda a hidratar a pele extremamente seca. Os elementos curativos facilitam a hidratação, a redução de alergias e coceiras e, também, ajudam na recuperação de feridas. Por diminuir a reação imunológica provocada pela doença na pele, os banhos de mar trazem ótimos resultados no tratamento.
O tratamento varia de acordo com o caso e demora aproximadamente um mês. A maior parte dos pacientes consegue melhora no quadro apenas com hidratação da pele. Em outros, o uso de poma com corticoide é necessário [custo aproximado de R$ 70). Apenas em casos mais graves são prescritos medicamentos orais.
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R7