Segunda etapa da comunidade Guerreira Zeferina é inaugurada no dia do aniversário de ACM Neto
Foto: Valter Pontes/Secom
O sábado foi de festa e de muita emoção na comunidade Guerreira Zeferina, em Periperi, Subúrbio de Salvador. Embora o aniversariante do dia seja o prefeito ACM Neto, quem ganhou o maior presente foram as famílias que começaram a receber as chaves do apartamento novo com a entrega da segunda etapa das obras de infraestrutura e urbanização do conjunto habitacional construído pela Prefeitura sobre a antiga invasão chamada de Cidade de Plástico.
No total, 132 famílias ganharam casa nova nessa segunda etapa. Elas se somam a outras 125 que já haviam recebido as chaves em abril de 2018, quando a primeira etapa das obras foi entregue durante as comemorações do aniversário de Salvador. Antes, essas pessoas viviam em barracos de madeira, lona e plástico, sem energia, saneamento básico ou dignidade, em meio à sujeira e aos ratos.
“Hoje é um dia de muitas emoções. Chegar nessa manhã e encontrar os moradores da Guerreira Zeferina com um sorriso estampado no rosto é gratificante. Pessoas que ficam com a alma repleta de orgulho e o coração renovado de esperança. A gente transformou uma realidade que era marcante pela miséria e pela falta de dignidade. Fizemos o maior conjunto habitacional e popular do país, e com essa vista maravilhosa para a Baía de Todos os Santos”, discursou ACM Neto.
O conjunto habitacional, fruto de um invento de total de R$ 22,1 milhões, oriundos de recursos próprios da Prefeitura, fica entre a linha férrea e o mar, exatamente onde era a invasão que ACM Neto visitou antes de ser prefeito da cidade, sendo, inclusive, hostilizado por parte dos habitantes já desconfiados dos políticos. “Vocês entregaram as suas vidas em nossas mãos ao saírem daqui, aceitarem receber o Aluguel Social enquanto a gente fazia as obras. Honramos a palavra empenhada, e continuaremos a estar todos os dias aqui, andamento pelo Subúrbio, ouvindo vocês e fazendo obras”, disse o prefeito.
ACM Neto, que completa 40 anos hoje, estava acompanhado do vice-prefeito Bruno Reis, que fez um discurso lembrando da amizade dos dois, “que já dura metade de uma vida”. A solenidade contou com apresentações artísticas de comunidades do Subúrbio Ferroviário, presentes e até bolo para o prefeito. Secretários e dirigentes de órgãos públicos municipais, lideranças, políticos, moradores do conjunto habitacional e de outras localidades próximas à comunidade Guerreira Zeferina também estiveram presentes.
Urbanização – Além das novas 132 moradias, a entrega da segunda etapa da comunidade Guerreira Zeferina envolveu a conclusão do centro comunitário, mais quatro quiosques, um parque infantil, uma academia de saúde e um espaço de lazer e convivência. Na primeira etapa, além dos primeiros 125 imóveis, já haviam sido entregues em abril do ano passado a Escola Municipal Guerreira Zeferina, campo de futebol, miniquadra, três quiosques, espaço de convivência e lazer, calçadão de acesso à praia, deck e estacionamento.
Os apartamentos são de dois ou três quartos, distribuídos em dez prédios – 20 dessas moradias foram adaptadas para pessoas com deficiência. O conjunto, inclusive, já entrou na era tecnológica: através de um acordo de cooperação com a Coelba, ganhou um sistema de geração solar fotovoltaica de energia elétrica. A ação beneficia as residências, a creche e outras unidades da administração municipal no local.
Emoção – O sonho da nova moradia se concretizou para pessoas como Edna Leite, de 51 anos. Cozinheira desempregada, ela teve que morar no local em um barraco com o filho pequeno há 11 anos, após se separar do marido. As condições eram sub-humanas: não havia esgotamento sanitário, energia ou abastecimento de água. As casas – a maioria delas construídas apenas com lonas e estacas – fizeram com que a comunidade ficasse conhecida como Cidade de Plástico.
“Era tudo muito complicado e precário. Casas de plástico, de madeira e papelão, alagamento, sujeira e muito rato. Nós convivíamos com os ratos. Para falar a verdade, parecia que nós éramos os ratos. Já passamos uma virada de ano no escuro, sem luz. Enfrentamos muito preconceito de familiares e amigos, mas hoje eu e meus vizinhos alcançamos a vitória”, contou, emocionada.
Na véspera da entrega da primeira etapa, que contemplou alguns dos vizinhos e amigos, Edinha, como é conhecida por todos, foi ao local das obras em plena chuva e chorou. “Eu pisei no chão de cimento, no lugar que antes era barro, e pensei: é verdade, meu sonho se transformou em realidade”, lembrou.
Agora, ela e o filho Weldson Leite, de 17 anos, já fazem planos para a moradia digna. “A primeira coisa que vamos fazer é um churrasquinho e convidar meus familiares. Vai ser só alegria. Já conversei com meu filho que nós temos que cuidar muito do nosso novo lar. No rosto dele brilha um sorriso que eu nunca tinha visto antes”, disse.
Processo – Sob a coordenação da Casa Civil, o Conjunto Habitacional Guerreira Zeferina teve o projeto urbanístico desenvolvido pela Fundação Mário Leal Ferreira (FMLF), em conjunto com os próprios moradores. As obras foram executadas pela Secretaria Municipal de Infraestrutura e Obras Públicas (Seinfra), através da Superintendência de Obras Públicas (Sucop).
O processo envolveu o cadastramento e relocação das famílias. Durante o período de obras, todos receberam acompanhamento social supervisionado pela Secretaria Municipal de Promoção Social e Combate à Pobreza (Semps).
As atividades envolveram a concessão de Aluguel Social enquanto as famílias aguardavam os novos apartamentos e capacitação profissional, com cursos gratuitos de iniciação a eletricistas, iniciação a pedreiro, produção de salgados e folheados, de fotografia e vídeo, além de formação de liderança. A ação, inclusive, permitiu que alguns beneficiários conseguissem ser selecionados para fazer parte da mão-de-obra para construção do empreendimento.