O ginecologista Alexandre Amaral explica a importância do tratamento multidisciplinar da doença, com a adoção de hábitos saudáveis e apoio psicológico
Presente em 10% das brasileiras, de acordo com Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), a endometriose é uma doença que causa cólicas menstruais intensas e dores incapacitantes que afetam diretamente a qualidade de vida das mulheres, impactando sua vida social, profissional e afetiva. Considerada uma das doenças da mulher contemporânea e também um problema de saúde pública mundial, a endometriose ocorre quando as células do tecido que reveste o útero (endométrio), em vez de serem expulsas durante a menstruação, se movimentam no sentido oposto e caem nos ovários ou na cavidade abdominal, onde voltam a multiplicar-se e a sangrar, causando os sintomas inflamatórios.
A endometriose não tem cura, mas pode ser tratada e controlada ao longo da vida. O ginecologista e especialista no tratamento da endometriose Alexandre Amaral explica que, para aliviar os sintomas, a adoção de hábitos mais saudáveis é tão importante quanto o tratamento medicamentoso e/ou cirúrgico. “Muitos fatores podem influenciar os sintomas e a evolução da doença, desde a alimentação até os níveis de estresse, por isso, é preciso sempre individualizar a paciente e entender como a endometriose afeta a sua vida”.
Alexandre reuniu 5 dicas fundamentais para viver melhor com a endometriose:
1. Pratique atividade física: Hábitos saudáveis, como a prática de atividade física pelo menos três vezes por semana, são fundamentais para reduzir a inflamação e também prevenir a doença em mulheres saudáveis. O exercício estimula a liberação de endorfina, que ajuda a regular o estresse e tem efeito analgésico, além de fortalecer o sistema imunológico. “As práticas mais indicadas para aliviar a dor e melhorar a qualidade de vida são as aeróbicas e modalidades que trabalham a respiração, como pilates e yoga”, explica Alexandre.
2. Controle a ingestão de carboidratos: A alimentação adequada tem um papel fundamental no controle da dor, na manutenção da imunidade e no controle do peso, já que o aumento de tecido adiposo produz excesso de hormônios que agravam a doença. O ginecologista destaca que uma dieta rica em nutrientes, acompanhada da hidratação adequada, pode ajudar na regulação dos níveis de inflamação. “Além de evitar carboidratos refinados, como açúcar e farinha branca, refrigerantes, doces e sorvetes, é importante passar longe de alimentos industrializados e ultra processados, ricos em sal e gordura, pois provocam retenção de líquidos, fazendo o corpo inchar e ficar mais suscetível às dores”.
3. Aposte em práticas para reduzir o estresse: Para enfrentar a endometriose, melhorar os sintomas dolorosos e viver com mais qualidade, regular o estresse e dormir bem são estratégias essenciais. “Além da própria atividade física, que ajuda a regular o sono e o humor, vale apostar em práticas como a meditação e também em estratégias de autocuidado, investir um tempo pra si, ouvir música, estar perto da natureza. Contar com uma rede apoio e a compreensão das pessoas ao redor também é muito importante para essas mulheres”, avalia o médico.
4. Faça o acompanhamento ginecológico regularmente: Por ser uma doença inflamatória, a endometriose necessita de alguns cuidados específicos e atendimento individualizado pelo ginecologista para verificar a resposta ao tratamento. Alexandre conta que “o tratamento mais frequente é o hormonal, suspendendo a menstruação através de anticoncepcionais como o DIU, a pílula, implantes e adesivos transdérmicos ou anéis vaginais. A opção cirúrgica é indicada quando há aumento dos focos após o bloqueio da menstruação, se a paciente não apresentou melhora da dor ou se deseja engravidar. Por isso é tão importante fazer uma avaliação global”.
5. Busque apoio psicológico: A dor pélvica é um dos sintomas da endometriose mais comuns e difíceis de lidar, pois chega a ser crônica e incapacitante, comprometendo profundamente a vida dessas mulheres. Tanto que cerca de 60% das mulheres com endometriose tendem a desenvolver depressão e ansiedade. “O fator mais importante no tratamento da doença é proporcionar a qualidade de vida da mulher, por isso, o acompanhamento deve ser integral e multidisciplinar, com controle da doença, atenção aos hábitos de vida saudáveis e apoio psicológico”, finaliza Alexandre.