Ter à disposição um comprimido para aliviar a dor é algo bastante moderno. No entanto, a dor tem sido parte da existência humana ao longo de nossa história.
Nos séculos passados, era preciso apelar para substâncias como éter, animais como peixes elétricos e até procedimentos como um enema com fumaça de tabaco.
Confira alguns destes métodos.
1. Éter
O composto conhecido como éter, ou éter etílico, já era usado muitos séculos antes da sua eficácia como anestésico ser conhecida.
Os seus principais usos medicinais eram o tratamento de infecções pulmonares e do escorbuto – embora o composto também fosse usado como uma droga recreativa.
Foi precisamente esse uso que levou à sua descoberta como analgésico.
Um médico chamado Crawford Long percebeu que seus amigos, quando se entorpeciam com éter, paravam de sentir dor quando feridos ou agredidos.
Ele começou a explorar as possibilidades do uso do éter durante intervenções médicas. A substância passou a ser usada como anestésico em 1842.
Embora seja relativamente seguro, o éter pode causar náuseas e vômitos – e por isso deixou de ser usado a partir do início do século 20.
O éter é também inflamável, outra característica que contribuiu para o fim do seu uso.
Por tudo isso, ele foi substituído pelo clorofórmio, que também tem a vantagem de ter uma ação muito mais rápida.
2. Cascas de salgueiro
As cascas de salgueiro foram usadas na Mesopotâmia a partir do ano 4.000 a.C. e na China e na Europa a partir de 400 a.C. Ela era mastigada para tratar da febre e de inflamações.
Hoje, ela está comercialmente disponível em cápsulas, em pó ou em estado bruto. Acredita-se que funcione para combater dores de cabeça, dores causadas por artrite óssea e dores na região lombar.
Seu ingrediente ativo é o mesmo da aspirina, cujo princípio químico é o ácido acetilsalicílico e tem em sua origem a salicina, presente na casca da árvore.
A salicina funciona quando combinada com outros compostos presentes na casca: flavonóides e polifenóis.
Alguns estudos sugerem que esta mistura pode ser tão efetiva quanto a aspirina no alívio da dor e de inflamações, e em doses muito menores.
Seus efeitos colaterais são geralmente suaves e acredita-se que seu efeito negativo no sistema gastrointestinal possa ser menor que o anti-inflamatório ibuprofeno, por exemplo.
No entanto, está documentada também a possibilidade desta mistura, usada durante uma infecção viral, causar a Síndrome de Reye, uma doença rara que pode levar a danos no cérebro e no fígado, assim como a aspirina.
3. Esponja soporífera
A esponja soporífica, usada na Europa entre os séculos 11 e 17, foi a antecessora dos anestésicos atuais. Seu uso consistia em molhar uma esponja do mar em uma mistura de extratos de plantas e depois secá-la ao sol.
Em seguida, a esponja era mergulhada em água quente e colocada sob o nariz do paciente antes da cirurgia.
Para acordá-lo após a operação, a esponja era mergulhada em vinagre quente.
A receita original dizia que a mistura de extratos de plantas deveria incluir ópio, mandrágora, cicuta e meimendro (uma planta conhecida por seu efeito narcótico).
Embora ao longo dos séculos outros ingredientes tenham sido acrescentados para tentar aumentar o efeito sedativo, estes quatro ingredientes originais sempre foram mantidos.
Há relatos de médicos escritos ao longo dos séculos sobre seus resultados, e hoje sabemos que os quatro ingredientes de fato tinham efeitos sedativos e paralisantes. Por isso, eles podem ser considerados eficazes.
Ao longo do tempo, no entanto, a solução perdeu popularidade.
4. Enema com fumo de tabaco
No final dos anos 1700, pensava-se que para ressuscitar as pessoas que se afogavam, elas precisavam ter o corpo aquecido e a respiração estimulada.
Na Inglaterra, médicos adaptaram um método usado pelos nativos americanos para tratar da constipação em cavalos: a inserção de fumo de tabaco no reto.
Naquela época, o tabaco havia acabado de chegar ao país e acreditava-se que o fumo curava a constipação, a dor do estômago, secava o corpo internamente e proporcionava estímulos.
No início, utilizava-se um cachimbo, até que foram percebidos os riscos causados pela inalação de chumbo – levando à criação de um conjunto de equipamentos, como tubos mais longos.
Pessoas que ofereciam tratamentos com enema de tabaco começaram a se instalar nas margens do rio Tâmisa, em Londres. O procedimento passou a ser usado até para tratar dores de cabeça.
Por vola de 1811, cientistas descobriram os efeitos negativos da nicotina e de outras substâncias contidas no tabaco no organismo humano, e a prática foi abandonada.
5. Peixe elétrico
No Egito Antigo, um método para curar dores nas articulações ou dores de cabeça consistia no uso da estimulação nervosa fornecida pelos peixes elétricos.
Isto era feito da seguinte maneira: ou a parte do corpo dolorida era posicionada em uma tigela ao lado do animal, ou o peixe era diretamente colocado em contato com o paciente.
Ele tem alguma semelhança com um método atual conhecido como eletroestimulação percutânea – em que eletrodos ou agulhas finas são usados na pele para emitir pequenos impulsos elétricos.
No entanto, existem controvérsias sobre a eficácia da estimulação elétrica como método para aplacar alguns tipos de dor.
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