O ex-goleiro , Emerson Ferretti trilhou um longo e árduo caminho até se tornar o primeiro presidente assumidamente gay de um clube brasileiro. O mandatário d a Associação Esporte Clube Bahia, responsável por 10% do comando do clube, hoje pertencente ao Grupo inglês City, revelou, inclusive, que precisou inventar um noivado “para sobreviver” em um meio extremamente machista. Hoje, porém, o dirigente celebra o amor com o namorado diretamente das arquibancadas da Arena Fonte Nova.
Antes de se tornar presidente do Bahia, Ferretti defendeu a meta do Flamengo e passu pelo Grêmio entre 1991 e 1994. O ex-atleta enfrentou inúmeras dificuldades sendo um homem homossexual em um ambiente que a homossexualidade ainda é um tabu.
“O processo todo foi muito solitário, desde a adolescência. Quando comecei a perceber e entender minha sexualidade, sem poder falar com ninguém sobre isso. Nem com minha família, nem com amigos, e muito menos dentro do futebol”, iniciou o presidente em entrevista ao “TVE Bahia”, no Youtube.
Presidente do Bahia revela noivado inventado
A jornada solitária o acompanhou por toda carreira como futebolista, que se encerrou aos 35 anos. Ferretti teve, inclusive, que se render a pressão social e inventar um noivado como forma de sobrevivência não só no esporte, mas também diante dos familiares – situação que hoje avalia como triste e difícil.
“Era um discurso que às vezes era necessário porque existia uma cobrança social muito grande em relação a namoro, casamento, a uma presença feminina do lado. Infelizmente tínhamos que usar esse discurso, era uma das formar que tínhamos para nos protegermos. Muitos atletas gays acabam inclusive casando para afastar qualquer suspeita sobre a sexualidade deles. Isso é muito triste, ter que representar o tempo todo”, desabafou.
Namoro com bailarino
Levou muito tempo até que Emerson pudesse, enfim, vivenciar o amor nas arquibancadas de um estádio de futebol. Aos 50 anos, o presidente do Bahia vive um relacionamento com o bailarino e jornalista Jordan Dafner desde o início de 2024, mas só se assumiram publicamente recentemente – durante um jogo do Tricolor, na Arena Fonte Nova.
Emerson entende que seu relacionamento com Dafner, diante do cargo que ocupa, pode servir como referência e inspiração para outros gays que queiram vivenciar o futebol. A inclusão tem sido um dos objetivos da voz do mandatário tricolor.
“Essa tomada de decisão aconteceu justamente para jogar luz sobre um assunto que não é conversado no meio do futebol. Mas existem muitos gays, não fui o único e todos eles precisam se esconder. Quando acontece isso com qualquer pessoa de criar um personagem para sobreviver, é muito dolorido, é sofrido”, e continuou:
“Então, falar sobre isso e virar uma referência, acredito que ajudará muitos que estão no futebol ou até mesmo garotos gays que pretendem ser jogadores a se aproximar e enfrentar isso (…) O caráter, o talento, não se mede pela sexualidade, o fato de ser gay não me impediu em momento nenhum de ser um goleiro que entregasse desempenho nos clubes que joguei”, disse.
Informações do Redação Jogada10/Portal Terra