Mais de um terço dos idosos que já estão aposentados continuam exercendo alguma atividade profissional, é o que aponta a pesquisa realizada em todas as capitais pelo SPC Brasil (Serviço de Proteção ao Crédito). O índice é de 33,9%.
O destaque no resultado da pesquisa fica por conta dos profissionais autônomos (17,0%), trabalhadores informais ou que fazem bicos (10,0%) e profissionais liberais (2,1%). Os que ainda atuam como funcionários da iniciativa privada, contudo, são apenas 1,7% do total de entrevistados. Considerando os aposentados que tem entre 60 e 70 anos, o percentual dos que trabalham sobe para 42,3%.
A decisão de seguir trabalhando a esta altura da vida está relacionada, principalmente, à necessidade financeira, embora essa não seja a única razão. A principal justificativa é o complemento da renda, uma vez que a aposentadoria não é o suficiente para pagar as contas (46,9%).
Dois em cada dez (23,2%) idosos continuam trabalhando para manter a mente ocupada e 18,7% para se sentirem pessoas mais produtivas na sociedade. Há ainda 9,1% dos idosos que alegaram não ter parado de trabalhar para poder ajudar os familiares financeiramente.
Regras da aposentadoria
Até 2015, o trabalhador se aposentava após 35 anos de contribuição para a Previdência Social, no caso das mulheres, o limite era de 30 anos. Não existia idade mínima.
A partir de novembro de 2015, foi implantada a regra 85/95, que garante o direito à aposentadoria integral quando a soma da idade e do tempo de contrbuição é igual a 85 para as mulheres e 95 para os homens, sendo necessário comprovar, no mínimo, 35 anos de contribuição (homem) ou 30 anos (mulher).
Na média, os brasileiros estão se aposentando aos 53,7 anos, de acordo com o INSS (Instituto Nacional do Seguro Social). Para o ano que vem, o governo pretende apresentar uma proposta de Reforma da Previdência com a implatação da idade mínima de 65 anos, mantendo o tempo de contribuição exigido atualmente. Na prática, os trabalhadores terão que trabalhar mais 11 anos até se aposentar.
Satisfação
O fato de continuar trabalhando após a aposentadoria gera sentimentos positivos em 70,7% dos idosos como satisfação pessoal (38,8%) e orgulho (19,7%). Para os que avaliam o trabalho nessa idade como algo negativo (28,3%), os sentimentos mais compartilhados são o de indignação (9,3%) e cansaço (8,1%).
Um dado preocupante do estudo e que, em certo modo, explica o fato de tantos idosos ainda se sentirem na necessidade de trabalhar, é 35,1% dessa população acima de 60 anos chegaram a terceira idade sem ter se preparado para a aposentadoria. No caso das mulheres e dos idosos das classes C, D E, o percentual é ainda maior: 39,5% e 41,5%, respetivamente.
Seis em cada dez (61,5%) idosos entrevistados fizeram algum tipo de preparo e as principais atitudes foram a contribuição compulsória do INSS pela empresa em que trabalhavam (40,8%) e o pagamento do INSS por conta própria (17,4%). Uma parcela reduzida de apenas 8,4% teve o cuidado de investir na previdência privada.
Outros tipos de preparo ainda mencionados, mas com menos intensidade, foram o depósito na poupança (4,5%) e o investimento em imóveis (4,4%) – neste último caso, não se leva em consideração o imóvel em que o entrevistado reside.
“É sempre importante lembrar que a contribuição compulsória para o INSS via empresa não pode ser considerada uma preparação suficiente para atravessar a terceira idade sem grandes dificuldades. Contar somente com a previdência pública é algo bastante temerário e que deve ser evitado”, alerta a economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti.
R7