O Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) levou hoje ao Instituto Nacional de Educação de Surdos (Ines), em Laranjeiras, zona sul do Rio, o projeto Ouvidoria Itinerante. Em comemoração ao Dia Nacional do Surdo, celebrado hoje (26), o serviço ficará até as 15h no instituto.
O foco da ação são os alunos, parentes, funcionários e o público deficiente auditivo em geral. Intérpretes de Libras do Ines vão ajudar na comunicação entre os visitantes e o Ministério Público. Entre os serviços oferecidos estão a emissão de documentos e orientações jurídicas.
Segundo a ouvidora-geral do MPRJ, Georgia Guerra, o objetivo da ação é levar a cidadania a uma parcela da população que ainda encontra muitas dificuldades para resolver questões banais do dia a dia. “Infelizmente, em pleno 2016, os surdos, assim como todas as pessoas com algum tipo de deficiência, ainda encontram várias dificuldades em situações que nos parecem banais. Por isso é importante quebrar essa parede e trazer a inclusão para eles estarem com melhores condições de vida. É um projeto pioneiro de aproximação”, disse.
Georgia revelou que grande parte das reclamações dos surdos é pela falta de intérpretes em locais importantes como hospitais públicos, delegacias, etc. “É nossa maior demanda de críticas, sem dúvida. Muitos reclamam que não se fazem entender quando estão doentes e procuram alguma unidade pública de saúde. Órgãos que expedem documentos também sempre são citados. Pensando nisso, trouxemos essa possibilidade de emitir identidade, seja a primeira ou a segunda via. Todos que tiverem alguma crítica podem ter certeza que ela será encaminhada ao órgão que for citado. Essa denúncia será acompanhada pelo reclamante através de um protocolo que geramos no momento, aqui mesmo durante o atendimento”.
O diretor-geral do instituto de educação, Marcelo Cavalcanti, comentou que hoje é uma data muito importante para o Ines, pois, além do Dia Nacional do Surdo, a instituição está completando 159 anos. Cavalcanti destacou que a quebra de paradigma é algo a ser reforçado sempre num dia como de hoje e lembrou o quanto a Paralimpíada serviu para derrubar preconceitos.
“Num dia como esse, a gente fica muito feliz de estar unindo forças com um órgão tão importante quanto o Ministério Público. Juntos podemos quebrar alguns paradigmas que ainda permanecem na nossa sociedade, embora os Jogos Paralímpicos tenham ajudado bastante nisso. Todos vimos o quanto eles são capazes. Fazem coisas que não conseguimos fazer. Seguir nessa luta de incluir todos em serviços essenciais para o nosso viver é sempre importante”.
O instituto aproveitou a ocasião para lançar o aplicativo TV Ines, disponível em todas as plataformas de smartphones. O aplicativo transmite uma programação de TV totalmente voltada aos surdos. O download é gratuito.
A estudante de pedagogia, Andréia Gomes, mãe de uma jovem surda de 17 anos, afirmou que o Instituto tem um papel importantíssimo na vida de sua filha. Ali, onde a mãe atualmente está terminando o curso superior de pedagogia, foi que a filha aprendeu a se comunicar com o mundo.
“Nunca vou me esquecer do choro dela no momento em que conseguiu se expressar. Aqui ela aprendeu a se comunicar com o mundo. Isso é primordial na vida de um surdo. E atualmente o Ines me ajuda, no meu objetivo de ser uma professora capaz de ministrar aulas em libras. Contribuiu na educação da minha filha, na minha, e consequentemente me fará ajudar tantos outros que por aqui passarem quando eu me formar professora”, contou. Andréia reforçou que muitos locais de atendimento ainda não são adaptados a pessoas com deficiência. “Encontramos muitas dificuldades. Os locais não são acessíveis, então esse apoio de hoje é importante”.
O Ines atende em torno de 600 alunos, da Educação Infantil até o Ensino Médio além de artes e esporte. O Instituto também apoia o ensino e a pesquisa de novas metodologias para serem aplicadas no ensino da pessoa surda e ainda atende a comunidade e os alunos nas áreas de fonoaudiologia, psicologia e assistência social. O atual Instituto Nacional de Educação de Surdos foi criado em meados do século XIX por iniciativa do surdo francês E. Huet, tendo como primeira denominação Collégio Nacional para Surdos-Mudos, de ambos os sexos.
Agência Brasil