O lançamento e aprovação de algumas medicações para determinados problemas ou doenças causam grande expectativa nas pessoas que sofrem destas afecções. Um exemplo recente foi o lançamento, em agosto de 2015, da droga Flibanserina para o tratamento do desejo sexual hipoativo nas mulheres. Cercada de debates e cobertura da mídia, a droga tinha tudo para ser um ”must” no tratamento da falta de libido feminino. Mas parece que não é exatamente isso que está ocorrendo. Uma revisão sistemática de estudos sobre a eficácia da droga for recentemente publicada e os resultados questionam os benefícios do tratamento. Liderada por pesquisadores holandeses a publicação agrupa dados de cinco estudos já publicados e 3 estudos não publicados, num total de 5914 mulheres e procura avaliar o número de eventos sexuais satisfatórios com e sem uso da Flibanserina, além dos eventuais efeitos adversos, tais como tonturas, sonolência, náuseas e fadiga. E aí começam as más notícias.
A droga não se associou com melhora significativa na esfera da sexualidade e para complicar ela aumentou o risco dos diferentes efeitos colaterais. A presença de efeitos colaterais duplicou a chance da mulher para de usar a medicação. A impressão global de melhora do desejo sexual, segundo a avaliação das usuárias, variou de mínima a nula. O resultado é tão decepcionante que os autores do artigo recomendam novos estudos com inclusão de diferentes grupos populacionais, e, particularmente, a inclusão de mulheres com comorbidades, uso de medicamentos, e menopausa cirúrgica, antes da droga vir a ser recomendada rotineiramente. Pelo jeito, no caso da Flibanserina a excitação se transformou em frustração.
uol