O terremoto de 6,5 graus na escala Richter ocorrido neste domingo (30) na região central da Itália foi o mais forte registrado no país desde 1980, quando um violento tremor atingiu a cidade de Irpínia. Naquele ano, mais de 280 mil pessoas ficaram desabrigadas e mais de 2,9 mil morreram. No caso de hoje, no entanto, foram registrados apenas feridos.
A intensidade do tremor hoje foi sentida em todas as partes do território italiano, ocasionando centenas de pedidos de ajuda aos bombeiros até mesmo em Roma.
A região vem sendo constantemente atingida por tremores menores desde o dia 24 de agosto, quando um tremor de 6 graus atingiu a cidade de Amatrice e deixou 298 pessoas mortas. Desde então, quase 20 mil sismos foram registrados, mas a maioria tinha intensidades abaixo dos 3 graus, considerada baixa.
No entanto, na quarta-feira (26), dois terremotos de 5,4 e 5,9 graus atingiram as regiões de Marcas, Úmbria e Perugia, provocando danos enormes para as pequenas comunas locais. Ontem (29), um novo terremoto, de 4,2 graus na escala Richter, atingiu a mesma região, no centro da Itália. Dezenas de outros tremores menores também foram registrados hoje.
Patrimônio cultural
A comuna de Norcia, que fica na província de Perugia, foi quase que totalmente destruída no terremoto de hoje. Já abalada pelos sismos ocorridos anteriormente na região, todas as basílicas que formavam o patrimônio cultural não resistiram e foram ao chão. Segundo o Centro de Operações de Norcia, “o panorama desta região mudou para sempre” após o sismo de hoje.
A Basílica de São Benedito e a catedral de Santa Maria foram destruídas, sobrando apenas a parte frontal das estruturas. A comuna, que tem pouco mais de quatro mil habitantes, está completamente isolada, pois as estradas também foram afetadas. Os nove feridos da cidade foram resgatados de helicóptero por socorristas e levados para cidades vizinhas.
Amatrice, Arquata del Tronto e Accumoli, as cidades mais devastadas pelo terremoto de agosto, voltaram a registrar grandes danos após o tremor deste domingo.
A Torre Cívica de Amatrice, um dos poucos monumentos que ficaram de pé, foi ao chão mesmo com as estruturas de adaptação feitas pelo comitê que cuida da reconstrução. Na tragédia de agosto, 237 das 298 vítimas fatais moravam na pequena cidade.
Já o prefeito de Arquata del Tronto, Aleandro Petrucci, que também contabilizou dezenas de mortes em agosto, disse que “tudo caiu, agora não temos mais uma cidade”. “Por sorte, nós temos as ‘zonas vermelhas’. As poucas pessoas que estão aqui saíram às ruas e estão se abraçando”, disse o prefeito.
As “zonas vermelhas” foram demarcadas em agosto por serem locais de extremo perigo para os moradores. Há dois meses, ninguém mais habitava o centro da cidade.
O prefeito de Accumoli, Stefano Petrucci, ressaltou que o solo da cidade voltou a apresentar “fendas de 20 centímetros”, como havia ocorrido no terremoto de agosto. Petrucci também afirmou que o que tinha ficado de pé naquele sismo, não existe mais. “Caiu tudo”, disse Petrucci. A cidade contabilizou 11 das 298 mortes em agosto.