Com a expectativa de que, após dois anos de recessão, o Brasil terá crescimento econômico de 0,4% em 2017, Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) previu nesta quarta-feira, 14, que entre os produtores que não fazem parte do cartel, o Brasil será o principal destaque de oferta no ano que vem. A perspectiva da Organização apresentada em seu relatório mensal é a de que haja um incremento de 250 mil barris por dia (bpd) no País ante 210 mil bpd do Cazaquistão e de 170 mil bpd do Canadá – os dois outros países que devem apresentar maiores aumentos da produção na sequência.
A projeção de que a oferta brasileira será a de maior crescimento nesse grupo no próximo ano vem sendo feita pela Opep desde meados deste ano, mas agora a previsão diminuiu levemente, já que, em agosto, a expectativa era de uma expansão de 260 mil bpd. A expectativa atual é a de que a produção doméstica seja de 3,4 milhões de bpd em 2017.
A estimativa de crescimento da oferta brasileira vem em um momento em que a Organização atua numa estratégia de cortar a produção de seus membros e também de países produtores de fora do cartel. Em 30 de novembro, a Opep fechou um pacto para reduzir sua produção conjunta em 1,2 milhão de barris por dia. Já no último sábado, a Rússia e outros países que não fazem parte da Opep concordaram em diminuir sua produção diária em 558 mil barris, sendo que apenas Moscou deverá se responsabilizar por um corte 300 mil barris.
Petrobras
A produção brasileira, pelas estimativas da instituição, deve fechar 2016 em 3,4 milhões de bpd, o que significará um aumento de 80 mil bpd em relação ao ano passado. Baseado em dados da Petrobras, a entidade ressaltou que, em outubro, na margem, a produção de óleo cru caiu em 50 mil barris por dia, para uma média de 2,6 milhões de bpd. “Isso ocorreu devido à manutenção em diferentes plataformas”, considerou a Opep.
Para 2017, a Organização salientou que a Petrobras começará a buscar ofertas para a construção de sete novas plataformas petrolíferas offshore previstas em seus atuais planos de investimento. Isso deve ajudar a incrementar a produção do País, prevista para 3,40 milhões de bpd (250 mil a mais do que em 2016). “A Petrobras está buscando acelerar a produção como parte de um projeto de cinco anos em seu plano de investimento de US $ 74,1 bilhões, anunciado no final de setembro”, pontuou.
O relatório prevê que a oferta entre os países em desenvolvimento suba em 290 mil bpd no ano que vem, para uma média de 11,5 milhões de barris por dia. “A chave dessa expansão será a América Latina, com crescimento de 220 mil barris por dia – principalmente do Brasil – para 5,33 milhões de bpd”, citou. Em menor grau, a África deve apresentar uma alta de 90 mil bpd, principalmente Congo e Gana, para 2,2 milhões de bpd, de acordo a instituição.
A perspectiva é a de que a oferta em outros países asiáticos sofra uma pequena redução (de 10 mil bpd), para uma média de 2,72 milhões de bpd, enquanto se prevê um declínio de 20 mil bpd no Oriente Médio, que deve ficar em 1,26 milhão de bpd no ano que vem.
No documento divulgado pela Organização, há 36 menções sobre o Brasil em textos, tabelas e gráficos. Numa delas, o cartel salienta que a queda prevista no abastecimento de petróleo em 2016 pelos países que não fazem parte da Opep, num total de 780 mil BPD, deve-se ao declínio visto principalmente nos Estados Unidos, China, México, Colômbia e outros países da Europa, enquanto houve crescimento na Rússia, Brasil, Congo e Reino Unido.
Etanol
O relatório mensal também salienta que os preços do açúcar caíram cerca de 8% numa reação ao maior volume de colheita de cana-de-açúcar brasileira usada para a produção de açúcar (46,8% ante 41,7% do ano anterior). Com a alta dos preços da commodity vista antes e a depreciação do real, a Opep salientou, usando dados do sindicato nacional, que os usineiros optaram mais pela produção de açúcar do que pela de etanol em outubro. A entidade comentou que o dólar teve uma alta de 4,9% ante a moeda brasileira no mês em questão.
R7