Dirija seguro para entrar em 2017 sem dor de cabeça
Com a chegada do verão e das férias escolares, pegar a estrada é costume de milhares de brasileiros. Todo final de ano é a mesma coisa: viajar com o carro em más condições é assumir o risco de transformar o roteiro em dor de cabeça.
Fora o transtorno, o dinheiro que poderia ter sido gasto em uma revisão preventiva antes de viajar acaba sendo cobrado com juros depois… e daqueles elevados. Se o motorista não tiver socorro mecânico incluído no seguro ou não tiver contratado a apólice, por exemplo, terá inevitavelmente de gastar com guincho — que não costuma ser barato, especialmente nessa época do ano.
Além disso, tem a questão das multas, que em novembro foram reajustadas em até 66% e ficaram mais pesadas. É primordial estar com a documentação em dia e checar se o veículo tem os equipamentos obrigatórios previstos no Código de Trânsito Brasileiro (CTB) — vale lembrar que no fim de ano a fiscalização em estradas e rodovias é tradicionalmente intensificada.
Por essas razões, se você não tem o costume de fazer as manutenções periódicas nos prazos estipulados no manual ou a grana está curta, vale guardar um dinheiro para dar aquele tapa no carro antes de viajar. Abaixo, UOL Carros dá dicas do que verificar e para evitar as indesejadas multas.
1. Segurança mecânica
A) Freios e líquidos
Os dois principais fluidos que não podem deixar de ser verificados são o nível de água do radiador e do óleo. “São as principais verificações antes de viajar. É só olhar para o acostamento e ver quantos carros param porque o motor ferveu, especialmente em subidas de serra e com o trânsito pesado”, explica Donizeti Oliveira, sócio da oficina mecânica Chevy. Ele complementa: “O terceiro item ‘obrigatório’ são os freios: ver se pastilhas, discos e lonas estão em ordem, além do fluido, que deve estar no prazo e não apresentar vazamentos”, recomenda.
Multa: se for constatado vazamento de óleo ou água, infração gravíssima, multa de R$ 293,47, sete pontos na CNH e retenção do veículo para regularização. Além disso, se o carro estiver queimando óleo e um agente de trânsito interpretar que a fumaça está comprometendo a segurança na via, ele poderá enquadrar o veículo por mau estado de conservação, cuja infração é classificada como grave, com multa de R$ 195,23 e cinco pontos na CNH (também com retenção do veículo até a regularização).
Fique atento a pneus “carecas” — devido a problemas de alinhamento, o desgaste pode ser irregular e se concentrar na parte interna. “Muitos clientes nem notam, observam o pneu por fora e acham que está tudo bem, mas a parte interna por vezes já está na lona”, alerta Donizeti Oliveira. Verifique a existência de bolhas e mantenha-os sempre calibrados, seguindo as especificações do manual. Calibre sempre com os pneus frios: a calibragem é importante para reduzir o consumo, reforçar a estabilidade e preservar a vida útil dos pneus. Nunca esqueça do estepe.
Multa: pneu em bom estado e calibrado é equipamento obrigatório. Conduzir um veículo sem qualquer equipamento obrigatórios, ou com eles ineficientes, inoperantes ou fora das especificações estabelecidas pelo Contran (Conselho Nacional de Trânsito), é infração grave, com multa de R$ 195,23, retenção do veículo para regularização e cinco pontos na CNH.
C) Correia dentada
Muita gente ignora a manutenção da correia dentada, que deve ser substituída nos prazos estipulados pelo fabricante (em média na faixa dos 60 mil quilômetros). Se ela arrebentar, o problema não fica restrito à parada do motor: geralmente, isso também danifica as válvulas no cabeçote, que acabam entortando, e o prejuízo é multiplicado quando o motor tem quatro válvulas por cilindro. O especialista Donizeti Oliveira explica que a prevenção fica bem mais barata: “A troca da correia e do tensionador sai por cerca de R$ 350, já com mão de obra. Consertar válvulas empenadas, por outro lado, custa R$ 1,5 mil, em média”, revela.
Multa: não existe multa para o problema específico, mas fazer reparos em vias públicas (de trânsito rápido) é infração grave, com multa de R$ 195,23, cinco pontos na CNH e remoção do veículo; nas demais vias, é infração leve, com multa de R$ 88,38 e três pontos na CNH.
D) Palhetas do para-brisa e vidro traseiro
Verificar a condição das palhetas antes de pegar a estrada é uma boa. Para carros que costumam ficar abrigados do sol, o prazo médio para substituição é a cada 10 mil quilômetros. Esse intervalo pode ser reduzido para a cada seis meses se o veículo ficar constantemente sob o calor de altas temperaturas.
Multa: a má conservação, ausência de palhetas ou simplesmente não utilizar o limpador do para-brisa na chuva são infração grave, por se tratar de equipamento obrigatório. Multa de R$ 195,23, cinco pontos na CNH e retenção do veículo para regularização.
Antes de viajar, verifique se há ruídos metálicos ao passar por buracos, lombadas ou irregularidades do piso, além de estalos ao esterçar o volante. O primeiro sintoma pode estar relacionado a alguma folga de peça, solta ou danificada, do conjunto da suspensão. O segundo pode indicar folga no terminal de direção, que pode se desprender e inviabilizar a dirigibilidade. Outro fator a ser conferido é o estado dos amortecedores, que devem estar no prazo e não ter vazamentos. Se o carro ficar balançando ao passar por lombada ou em curvas, é sinal que um ou mais amortecedores precisam ser trocados. Oliveira recomenda sempre trocar o conjunto (as quatro unidades) em carros com quilometragem alta, enquanto em veículos menos rodados, quando um amortecedor for danificado por buraco, a substituição deve ser feita aos pares (os dois dianteiros, por exemplo).
Multa: se o problema na suspensão ou na caixa de direção obrigar o carro a parar no acostamento para reparos, você pode ser multado (reparos em via pública é infração grave, multa de R$ 195,23, cinco pontos na CNH e remoção do veículo em vias de trânsito rápido; infração leve, multa de R$ 88,38 e três pontos na CNH nas demais vias).
F) Estado do painel de instrumentos
Sempre bom conferir o funcionamento de todos os ponteiros e luzes do painel de instrumentos, especialmente velocímetro e marcador do nível de combustível. Esse último não é obrigatório, mas se você parar na estrada por pane seca, é multa.
Multa: velocímetro com defeito — segundo a Polícia Rodoviária Federal de São Paulo (PRF-SP), apenas o velocímetro é considerado equipamento obrigatório, portanto a falta de funcionamento ou marcação inadequada representam infração grave, multa de R$ 195,23, cinco pontos na CNH e retenção do veículo para reparo. Pane seca (falta de combustível): infração média, multa de R$ 130,16, quatro pontos e retenção do veículo.
Lâmpadas de faróis, lanternas e piscas são itens baratos, com custo individual na faixa dos R$ 10 ou menos. Não custa, antes de viajar, testar todas as luzes, inclusive as da placa traseira, e providenciar a substituição de lâmpadas queimadas — sem se esquecer de manter os faróis regulados, inclusive os de luz alta. Também verifique fusíveis e não se esqueça que em túneis e estradas (nestas, onde houver sinalização) é obrigatório utilizar o farol baixo aceso, mesmo durante o dia.
Multas:
+ Conduzir o veículo com defeito no sistema de iluminação, sinalização ou lâmpadas queimadas: infração média, multa de R$ 130,16 e quatro pontos na CNH.
+ Transitar em rodovias durante o dia sem usar o farol baixo: infração média, multa de R$ 130,16 e quatro pontos na CNH.
+ Transitar com o farol desregulado ou com o facho de luz alta de forma a perturbar a visão de outro condutor: infração grave, multa de R$ 195,23 e cinco pontos na CNH.
+ Usar luz alta em vias com iluminação pública: infração leve, multa de R$ 88,38 e três pontos na CNH.
+ Fazer uso da luz alta e baixa, piscando os faróis, de forma considerada inapropriada: infração média, multa de R$ 130,16 e quatro pontos na CNH.
+ Não utilizar as setas: infração grave, multa de R$ 195,23 e cinco pontos na CNH.
+ Não utilizar corretamente o pisca-alerta: infração média, multa de R$ 130,16 e quatro pontos na CNH.
2. Licenciamento e/ou IPVA vencidos
IPVA é um imposto e a inadimplência não configura infração de trânsito, mas o cidadão pode ser incluído no Cadin e/ou na Dívida Ativa. Mesmo se você não for parado em fiscalizações, há radares nas rodovias que apontam, por meio de leitura automática da placa, se o carro está ou não com o licenciamento por fazer. Além disso, vale lembrar que quem não paga o IPVA fica impedido de licenciar o veículo. O licenciamento é obrigatório e deve ser feito anualmente, seguindo o calendário de acordo com a placa.
Multa: falta de licenciamento é infração gravíssima, com multa de R$ 293,47, sete pontos na CNH e retenção do veículo para regularização.
3. Falta de equipamentos obrigatórios
Segundo o Detran-SP, desde 17 de setembro de 2015 o extintor de incêndio em automóveis deixou de ser de porte obrigatório. No entanto, se o proprietário optar por manter o extintor, o equipamento tem de estar dentro do prazo de validade. A regra tem sua exceção, válida para veículos utilizados comercialmente para transporte de passageiros, caminhões, caminhão-trator, micro-ônibus, ônibus e veículos destinados ao transporte de produtos inflamáveis — estes são obrigados a portar o extintor ABC. Triângulo, macaco e estepe também são classificados como equipamentos obrigatórios.
Multa: infração grave, multa de R$ 195,23, cinco pontos na CNH e retenção do veículo.
O motorista é obrigado a portar a CNH dentro do prazo de validade para dirigir. A penalidade é mais branda para o condutor que possuir a CNH, mas estiver sem ela no momento da fiscalização — desde que o documento não esteja vencido.
Multas:
+ Dirigir com habilitação válida, mas sem portar o documento: infração leve, multa de R$ 88,38, três pontos na CNH e retenção do veículo até a apresentação de outro condutor, devidamente habilitado.
+ Dirigir com a habilitação vencida há mais de 30 dias: infração gravíssima, multa de R$ 293,47, sete pontos na CNH e retenção do veículo até a apresentação de outro condutor, devidamente habilitado.
+ Dirigir com CNH de categoria deferente daquela exigida pelo veículo conduzido (por exemplo, alguém habilitado para rodar moto que estiver conduzindo um carro): infração gravíssima, multa de R$ 293,47 duplicada (R$ 586,94), sete pontos na CNH e retenção do veículo até a apresentação de outro condutor, devidamente habilitado.
+ Dirigir sem CNH: infração gravíssima, multa de R$ 293,47 triplicada (R$ 880,41), sete pontos na CNH e retenção do veículo até a apresentação de outro condutor, devidamente habilitado.
+ Dirigir com CNH cassada ou suspensão: crime de trânsito previsto no Art. 307, detenção de seis meses a um ano, multa e nova suspensão da CNH por igual período ao anterior, além de infração gravíssima, multa de R$ 293,47 triplicada (R$ 880,41), sete pontos na CNH e retenção do veículo até a apresentação de outro condutor, devidamente habilitado.
5. Bicicletas
Importante lembrar quem transporta bicicletas. Se o suporte de fixação estiver na parte traseira, não deve exceder a largura máxima do veículo nem tampar as luzes e a placa — a única que pode ficar parcialmente encoberta é a terceira luz de freio (o brakelight). Outra forma de transportar uma bicicleta é no teto, podendo ficar em pé, desde que afixada no trilho.
Multas: variam de acordo com a infração praticada. Se a bicicleta se soltar e for arrastada, é infração gravíssima, com multa de R$ 293,47, sete pontos na CNH e retenção do veículo para regularização; conduzir o veículo com cargas de dimensões superiores aos limites estabelecidos é infração grave, passível de multa no valor de R$ 195,23, cinco pontos na CNH e retenção do veículo. Por fim, transitar com excesso de peso gera multa de R$ 130,16, quatro pontos na CNH e remoção do veículo.
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