Após a divulgação dos documentos do Departamento de Justiça dos Estados Unidos sobre o pagamento de propina da Odebrecht a autoridades internacionais, países da América Latina anunciaram a abertura de investigações sobre contratos assinados pela empresa com seus governos.
México, Peru, Equador, Argentina, Colômbia, Guatemala, República Dominicana e Panamá se manifestaram sobre o caso.
Na quarta-feira, o órgão americano apontou que a Odebrecht pagou cerca de US$ 788 milhões (R$ 2,6 bilhões) em propina em 11 países, além do Brasil, para conquistar e manter contratos com o poder público.
Os pagamentos foram feitos pelo Setor de Operações Estruturadas, conhecido como departamento da propina da empresa.
O México anunciou, em nota divulgada pela Secretaria de Função Pública (SFP), que vai acompanhar os desdobramentos das denúncias de corrupção envolvendo a atuação da Odebrecht e da Braskem no país e se comprometeu com a investigação dos atos contrários à ética no setor público. De acordo com os investigadores americanos, entre 2010 e 2014, a Odebrecht pagou US$ 10,5 milhões em propina para autoridades do governo mexicano para obter contratos de obras públicas.
Na Argentina, o órgão responsável pelo combate à corrupção disse ter entrado em contato com autoridades brasileiras sobre o assunto. Parlamentares cobraram a investigação dos pagamentos de propina, que teriam ocorrido durante o governo da ex-presidente Cristina Kirchner.
O governo da Colômbia divulgou nota afirmando que identificou o servidor público acusado de receber US$ 6,5 milhões em propina, entre 2009 e 2010, que seria “um funcionário do alto escalão” da gestão do ex-presidente Álvaro Uribe.
De acordo com os documentos americanos, a Odebrecht teria pago a autoridades da Colômbia US$ 11 milhões em propina entre 2009 e 2014, período que abrange parte do governo Uribe (2002-2010) e o de seu sucessor, o atual presidente, Juan Manuel Santos.
Ontem, o senador Álvaro Uribe questionou Santos em redes sociais sobre “a verdade” dos subornos da Odebrecht e uma reunião que ocorreu em abril de 2015 com os diretores da empreiteira no Panamá e o atual presidente na Cúpula das Américas. Para o governo colombiano, as declarações de Uribe foram feitas de maneira tendenciosa e o encontro foi “absolutamente normal”.
No Peru, o presidente Pedro Pablo Kuczynski negou ter recebido dinheiro enquanto era primeiro-ministro e disse apoiar as investigações sobre a denúncia de propina paga pela Odebrecht ao país, de 2005 a 2014.
A Guatemala informou que vai solicitar uma colaboração dos Estados Unidos para que o Ministério Público entre no caso. O Panamá também indicou que vai enviar investigadores aos Estados Unidos para buscar informações. O governo da República Dominicana, por meio do ministro José Ramón Peralta, indicou disposição em colaborar com eventual investigações sobre propinas. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
R7