Um bebê de três sofreu queimaduras graves e precisou ser internado após usar protetor solar fator 50. Em relato no Facebook, a mãe do menino afirmou não ter exposto o filho ao sol e denunciou a fabricante do produto na Austrália. Porém, não é recomendado aplicar protetor solar em crianças com menos de seis meses, justamente porque a pele é muito fina. A exposição pode causar queimaduras e insolação e levar à morte, alerta o dermatologista Murilo Drummond, membro da SBD (Sociedade Brasileira de Dermatologia) e da Academia Americana de Dermatologia.
— É inaceitável expor bebês pequenos ao sol. Basta usar roupinhas de algodão e chapeuzinhos. Se a criança ficar exposta, pode sofrer queimaduras e insolação que podem matar. O recomendado nessa faixa etária é usar roupas de algodão que protege da luz solar, mesmo na sombra. Mas o tecido precisa estar seco.
A dermatologista Beatriz Carrasco explica que a pele dos bebês fica mais espessa aos seis meses. A partir daí, pode-se passar apenas filtro solar recomendado para crianças, já que o de adultos tem muitas substâncias químicas.
— De seis meses a dois anos, o ideal é usar filtro solar físico, com substâncias que formam barreiras que refletem a radiação solar. Diferente do bloqueador para adultos que tem formulação química e física.
Essas informações devem estar na embalagem do produto, que também mostra se o filtro é indicado para bebês de até seis meses (baby), que é 100% físico, ou para crianças de até dois anos (kids ou crianças), que é físico e químico.
Ainda de acordo com a dermatologista, o correto é deixar a criança tomar sol apenas nos horários em que a radiação é menor: até as 10h e a partir das 16h.
— Mas os pais devem se atentar ao fato de estarmos em horário de verão. Então, o sol das 16h na verdade será das 15h, que é bastante forte. Os pais precisam tomar cuidado para a criança não ficar o tempo todo exposta. É bom deixá-la protegida na sombra, sob o guarda-sol.
E o filtro solar deve ser reaplicado a cada 2 horas, ressalta a dermatologista.
— Principalmente se as crianças entram na água porque elas têm o costume de passar a mão no rosto removendo o filtro mais rapidamente. Por isso, o produto também precisa ter resistência à agua.
Se os pais notarem qualquer sinal de alergia, devem retirar a criança do sol e dar banho nela para remover todo o produto. Em caso de reação mais forte, deve-se procurar atendimento médico, explica Beatriz.
Drummond ensina como os pais devem proceder antes de levar os pequenos à praia ou piscina.
— Um teste interessante é passar um pouco do filtro solar na parte de trás do braço durante três dias. Se houver alergia, ela vai se manifestar. Geralmente, as reações ocorrem em 48 horas. No caso do menino da Austrália, a reação foi imediata, o que não é muito comum.
Filtro solar X Bloqueador solar
Muita gente não sabe, mas protetor e bloqueador são produtos diferentes. A dermatologista Beatriz Carrasco explica que o filtro com fator de proteção solar até 30 é protetor solar porque ainda tem passagem de raios ultravioleta. O que não acontece com o bloqueador solar.
— É como se fosse uma peneira. Quanto maior o fator de proteção, mais fechados são os buracos dessa peneira. Já com o bloqueador, é como se não houvesse nenhum buraco. O ideal seria todo mundo usar filtro solar com fotoproteção de raios UVA e UVB acima de 30.
R7