Fabricantes fogem do México e usam Salão de Detroit para anunciar investimentos nos EUA
Até o próximo domingo (22), o Salão de Detroit 2017 terá se transformado em um novo marco, pelo que o presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, quer colocar em prática. O México é quem sofrerá com esta política: Trump ameaça taxar as exportações mexicanas, apesar do acordo de livre-comércio vigente — nada se fala do Canadá, porém.
Ford foi a primeira a interromper investimentos já em andamento no país latino, seguida pela FCA, que informou transferência de linhas de produtos. A General Motors foi a mais recente: divulgou esta semana plano de investimento de US$ 1 bilhão para criar 1.000 empregos nos EUA.
Nissan, que não é americana, mas tem seu maior parque industrial instalado no país (em Tennessee), anunciou através de seu CEO Carlos Ghosn que irá aguardar ações, além de palavras fortes e protecionistas, do presidente Trump antes de tomar qualquer medida.
Essa reviravolta pode aumentar o protecionismo no momento em que o Brasil admite abrir mais suas fronteiras e se integrar à cadeia mundial de manufatura. Ainda é cedo para analisar desdobramentos. O enfraquecimento industrial do México pode ser bom para o país em médio prazo, embora dispense comemoração. Interessa é progredir pelos próprios meios.
Melhor falar de carros
Para a GM do Brasil, Detroit foi a oportunidade de lançar à imprensa brasileira o novo Chevrolet Tracker, sinal dos tempos… O SUV compacto recebeu pequenas alterações de estilo e o mesmo motor 1.4 turboflex do Cruze, bem mais forte que o anterior.
Sucessor do Captiva, o Equinox revitalizado estreou no salão e deve chegar ainda este ano para concorrer com o Jeep Compass e, com motorização 1.5 ou 2.0 turbo produzida na Argentina, reúne condições de fabricação local.
Bom notar que ambos modelos são mexicanos.
Novo Ford EcoSport (apresentado antes no Salão de Los Angeles, em novembro) também pôde ser visto de perto, mas não o Mustang ano-modelo 2018. Este só teve as primeiras imagens liberadas na terça-feira (17), e não está exposto no salão.
Essa versão é a que será exportada para cá no início do ano que vem, com novo capô 2 cm mais baixo e câmbio automático de 10 marchas para o motor V8, agora com injeção direta (potência ainda não anunciada).
Detroit também viu estreias mundiais. Destaque para o novo BMW Série 5, aliviado em 68 kg e direção semiautônoma aperfeiçoada para atuar a até 210 km/h. Mercedes-Benz apresentou o Classe E cupê e o retocado GLA, que se estenderá ao modelo produzido aqui.
Audi destacou o conceito Q8, praticamente pronto, crossover para desafiar BMW X6 e Mercedes GLE Coupé.
Automóvel mais vendido nos EUA, novo Toyota Camry tem frente ousada inspirada nos modelos de luxo Lexus. Volkswagen exibiu o que será a nova Kombi, com traços próximos ao definitivo e tração elétrica.
Roubaram atenções o sedã de tração traseira Kia Stinger GT (o melhor trabalho de estilo da marca) e Nissan VMotion, indicador da forte guinada no desenho dos futuros sedãs japoneses.
Dieselgate… mais um
Fato preocupante surgiu protagonizado pela EPA (Agência de Proteção ao Meio Ambiente dos EUA), que repetiu a mesma tática utilizada durante o Salão de Frankfurt de 2015, ao denunciar a Volkswagen por utilizar dispositivos ilegais no controle de emissões de motores Diesel. Agora foi contra a FCA, em picapes e SUVs a diesel.
Se a agência usar o mesmo rigor, o impacto na empresa ítalo-americana pode ser incontrolável.
uol