No fim do ano passado, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) aprovou o remédio para emagrecer Belviq, nome comercial para a lorcaserina. A substância ainda deve demorar alguns meses para chegar ao mercado, mas é apontado por especialistas como a maneira mais certeira para combater a obesidade. Nós perguntamos e eles responderam 5 dúvidas frequentes sobre o medicamento:
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Como a lorcaserina age? Tira o apetite
Maria Edna de Melo, endocrinologista e diretora da Abeso (Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica), diz que a lorcaserina trabalha com a serotonina, mas apenas no receptor do tipo 5HT2C, presente exclusivamente no hipotálamo. “Ela aumenta a produção de um precursor polipeptídico que inibe e reduz a fome”, explica a médica. O fato do receptor estar presente apenas no hipotálamos evita o aparecimento de alguns efeitos colaterais. “É nesta região do cérebro também que se faz o controle do balanço calórico do corpo, que controla quanto a gente come e o quanto nós consumimos”, continua Maria Edna. “Assim, ela age também na saciedade”, complementa a nutróloga Ana Luísa Vilela, de São Paulo (SP).
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Quais são os efeitos colaterais? Dores, tosse…
Segundo a diretora da Abeso, uma das características da lorcaserina é que a substância causa poucos efeitos colaterais nos pacientes. Porém, apesar de baixos, é possível notar dor de cabeça, náusea, tosse, boca seca e constipação. “Não é esperado que o remédio tenha efeito psicológico”.
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Então todo mundo pode usar? Não
Não exatamente. De acordo com Flávia Conceição, presidente regional da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia, do Rio de Janeiro (RJ), a lorcaserina é contraindicada para quem usa antidepressivos e outras drogas serotoninérgicas, já que pode causar a Síndrome Serotoninergica. “Os sintomas são taquicardia, diarréia, sudorese e aumento da temperatura corporal”, fala a especialista. O medicamento é, no entanto, uma alternativa para pessoas com problemas cardíacos, já que a sibutramina era contraindicada por poder aumentar os batimentos do coração. Tudo depende, no entanto, de uma avaliação do médico para ver se você se encaixa no perfil de uma pessoa que deve usar remédio para emagrecer.
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É viciante? Pode ser
Flávia Conceição diz que em alguns casos sim. “A lorcaserina deve ser evitada por pessoas com histórico de abuso de álcool ou drogas, pois em doses altas pode induzir a euforia com potencial risco de desenvolvimento de dependência”, afirma.
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Então mesmo sendo um medicamento novo, a lorcaserina pode ser ruim?
Os especialistas dizem que a obesidade é uma doença crônica e deve ser tratada como tal. “Se fosse fácil emagrecer ninguém tomaria remédio”, fala Ana Luísa Vilela. É preciso, no entanto, ter um acompanhamento de perto do médico para dar a receita controlada, acompanhar a dosagem e recomendar o uso até o momento em que for preciso. “O medicamento deve ser mantido enquanto o benefício for maior do que o risco”, complementa Flávia Conceição.
uol