Pessoas que já foram obesas emagreceram muito ou mulheres que já ficaram grávidas sabem, pelo bem ou pelo mal, o que é o turgor da pele, a capacidade de se esticar e retomar à forma original. Mas por que em algumas pessoas a pele “volta” ao normal e em outras ela fica flácida após estes processos de perda de peso?
Alguns fatores são determinantes para isso, e a primeira resposta pode estar em nossos pais. “É o DNA que vai dizer, conforme cada paciente, como será distribuída a quantidade de colágeno. E essa quantidade será diretamente responsável pelo turgor da pele”, explica o cirurgião plástico Guilherme Mendes Monteiro.
“Se a pessoa tem pais com histórico de flacidez de pele, ela com certeza terá uma flacidez de pele mais acentuada, mesmo tomando cuidados”, diz Monteiro. Isso não significa, claro, que apenas a questão genética influencie na capacidade de voltar à forma original.
Para o cirurgião plástico Bernardo Nogueira Batista, podemos comparar a pele humana com um tecido de lycra. “Se você colocar uma calça de lycra pequena, ela vai se esgarçar e as fibras elásticas se arrebentam.”
Segundo Batista, o mesmo acontece com nossa pele. “A gente tem um monte de fibra elástica dentro da pele que é responsável por essa elasticidade. Pessoas que engordam e emagrecem muito, reduzem a capacidade da pele de retrair. E isso vai diminuindo a capacidade elástica de sua pele.”
Emagrecimentos rápidos são mais difíceis para a pele
Quando o processo de emagrecimento se dá de uma forma muito rápida, quando como há casos de cirurgia bariátrica, explica Batista, “isso arrebenta mais ainda as fibras da pele e diminui a capacidade da pele de retrair”. O emagrecimento “mais controlado”, por outro lado, permite ao organismo uma readaptação maior.
“Na realidade, o que acontece com os pacientes que têm o peso aumentado e emagrecem rápido é que a pele entra em um estado de quase desnutrição”, explica, cientificamente, Monteiro. “Você tem um certo fluxo sanguíneo, e aí quando você diminui rapidamente esse fluxo, seu corpo começa a consumir demais as gorduras e a pele não tem tempo de se reorganizar sua própria nutrição. Então ela fica malnutrida”.
A questão da idade também pesa. “À medida que a gente envelhece, a capacidade elástica da pele também vai diminuindo. Então a mulher que tem filho aos 35, certamente vai ter mais dificuldade em ter uma boa retração do que uma mulher que teve filho aos 20 anos”, afirma Batista.
Cuidados para evitar flacidez
Para evitar a flacidez da pele, os cirurgiões ouvidos pela reportagem do UOL afirmam que cuidados básicos como manter uma boa hidratação do corpo, usar protetor solar e não fumar são muito importantes.
“Não é um cuidado para ter durante seis meses da gestação, é um cuidado para a vida inteira que vai se transformar em um benefício na hora que você tiver se recuperando”, diz Batista.
A questão do tabagismo, segundo Monteiro, tem um papel grande na degradação da pele. “Todos os pacientes que fumam vão ter um certo grau de envelhecimento de pele e vão ter uma desnutrição dessa pele porque o tabagismo causa uma reação inflamatória da microcirculação e entope esses microvasos. E são exatamente esses microvasos que vão lá para a pele.”
Aplicações de colágeno, CO² e o uso de hidratante a base de ureia também podem ajudar a manter a pele mais rígida, diz Monteiro.
“Mas elas não substituem os cuidados que você tem que ter com nutrição e a história genética que você tem”, adverte.
uol