Aos 46 anos, Fernanda Young é mãe de quatro filhos (duas gêmeas que deu à luz aos 30 anos e mais dois adotados) e é muito conhecida como sua atuação como escritora, atriz, roteirista e apresentadora. Embora com uma vida aparentemente perfeita, Fernanda guarda uma lembrança muito triste da adolescência e diz viver sob a sombra de uma depressão que ameaça se manifestar a qualquer momento.
Em entrevista à revista Marie Claire, ela falou sobre seu novo livro, “O Piano Está Aberto”, que conta a história de uma mulher que sofre de depressão. Embora afirme que a obra não é autobiográfica, a escritora confirmou que se identifica com o tema, já que convive com o mesmo problema desde a infância.
“Eu era uma criança muito triste. Não gostaria que parecesse culpa da minha família. Simplesmente era uma criança depressiva, que poderia se machucar e que pensava em morrer. É uma doença química. Ninguém me machucou. Pedia muito para Deus me matar. Também tive muitas doenças, alergias e pneumonias, que vinham do emocional”, contou.
Fernanda Young admitiu que chegou a cortar o pulso aos 10 anos. “Foi superficial, muito leve. Fui uma criança diferente. Fui diagnosticada com disritmia e comecei a tomar antiepiléptico muito nova. Depois, descobriram que era disléxica. Comecei a fazer terapia aos 13 anos, por insistência do meu pai. Faço até hoje. Também tive a grande sorte de ter minha irmã Renata. Lá pelas tantas, com uns 16 anos, ela viu que eu falava muito sobre morte. Então disse seriamente: “Olha aqui, vou morrer velha e, depois, você”. Foi um esporro tão grande… e isso ficou decidido[os olhos marejam]. Além disso, sempre rimos muito na minha casa. O humor me ajudou”, ressaltou.
O diagnóstico de depressão veio depois, quando estava com cerca de 25 anos, “Meu livro ‘A Sombra das Vossas Asas’ tem o capítulo ‘A depressão cor de abóbora’ por causa disso. Fiz vários exames e o neuropsiquiatra falou: ‘Olhe esta área aqui’. Era cor de abóbora. ‘Isto é a sua depressão’. Ganhar um diagnóstico foi maravilhoso. Pensei: ‘Vou tratar’. Fazer exercício físico é uma das coisas que mais me ajudaram na vida. Passei a medicar especificamente a depressão. Foi sensacional. Saí de um redemoinho de dramas e dor, de altos e baixos. Passei muitos anos bem. Até que tive uma crise grave em 2002 ou 2003”, relembrou Fernanda ao destacar que a crítica de um jornalista foi o gatilho para a crise.
“Minha irmã me encontrou num estado horrível, num dia em que não conseguia mais falar. Ela me levou ao médico em São Paulo. Eu achava que estava em Niterói, na Rua Nossa Senhora da Conceição. A única pergunta que faz uma pessoa ser internada é: “Você quer se matar?”. E eu queria. Mas decidiram não me internar. O médico entrou com uma medicação superforte e fiquei acompanhada 24 horas por dia, durante alguns dias. Morri de vergonha… Não precisei de acompanhante porque minha família cuidou de mim. Precisei de dois anos para tirar os remédios”, disse.
Outra lembrança forte de Fernanda Young é um episódio de violência sexual que sofreu na adolescência. “Foi um estupro terrível. Fui violentada em um encontro íntimo com um ex-namorado, aos 16 anos. Na época, achei horrível, mas levei tempo para entender que foi um estupro. Ele começou a forçar a barra, eu disse que não queria e ele amarrou meus pulsos. Fez sexo comigo dessa maneira. Não sabia para quem contar, tinha vergonha. Achava que a culpa era minha por ter amado essa pessoa. Só percebi que tinha sido estuprada vendo uma cena semelhante em uma série, anos depois”, avaliou.
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