O ex-presidente da Odebrecht, o empresário Marcelo Odebrecht, preso desde junho de 2015 na Operação Lava Jato, prestou depoimento por quatro horas nesta quarta-feira (1º) como testemunha na ação em que o PSDB pede à Justiça Eleitoral a cassação da chapa Dilma-Temer por suposto abuso de poder político e econômico durante a eleição presidencial de 2014.
Sigiloso, o depoimento ocorreu a portas fechadas, na sede do Tribunal Regional Eleitoral (TRE-PR), em Curitiba. Na sala cedida pelo tribunal permaneceram apenas o relator da ação, ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) Herman Benjamin, alguns auxiliares, o empresário e seus advogados.
Marcelo Odebrecht chegou ao prédio escoltado por policiais federais, cerca de meia hora antes do horário previsto para o início da oitiva (14h30). Para evitar o assédio de jornalistas e curiosos que se aglomeraram diante da sede do tribunal, o comboio entrou pela garagem.
Condenado a 19 anos e quatro meses de prisão por participação no esquema investigado pela Operação Lava Jato e réu em outras ações penais, o ex-presidente da construtora Odebrecht está preso na Superintendência da Polícia Federal em Curitiba (PR) desde junho de 2015. Benjamin deverá questioná-lo sobre as contribuições financeiras da empreiteira para a última campanha presidencial.
Processo no TSE
Em dezembro de 2014, as contas da campanha da então presidenta Dilma Rousseff e de seu companheiro de chapa, Michel Temer, foram aprovadas com ressalvas, por unanimidade, no TSE. No entanto, o processo foi reaberto porque o PSDB questionou a aprovação por entender que há irregularidades nas prestações de contas apresentadas por Dilma, que teria recebido recursos do esquema de corrupção investigado na Lava Jato. Segundo entendimento do TSE, a prestação contábil da presidenta e do vice-presidente é julgada em conjunto.
A campanha de Dilma Rousseff nega qualquer irregularidade e sustenta que todo o processo de contratação das empresas e de distribuição dos produtos foi documentado e monitorado. No início do mês, a defesa do presidente Michel Temer sustentou no TSE que a campanha eleitoral do PMDB não tem relação com os pagamentos suspeitos. De acordo com os advogados, não se tem conhecimento de qualquer irregularidade no pagamento dos serviços.