(ou de como um terremoto balançou a capital baiana)
Peço inspiração aos astros
Pra não falar despautérios
Há na terra, céu e mar
Conhecimentos etéreos
Terremoto em Salvador
É mais um dos seus mistérios…
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Na hora do rebuliço
26 de março, cedo
De 2017
Afirmo sem arremedo
Peixes pularam do mar
Mortificados de medo
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Tremeu a terra em Brotas
Acupe e no Matatu
A gaiola do canário
Caiu do pé de caju
Falaram que era um eco
De um tremor lá do Peru
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Uma colega da imprensa
Disse um erro pequeno
De Richter pulou pra Ritchie
E sendo assim, ficou “seno”
Rebatizo a nova escala
Como Menina Veneno
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A zorra longe ecoou
Do Recôncavo aos Ilhéus.
Foram descritos à imprensa
Feixes de luz lá no céu
É o apocalipse vindo
Garante seu Manuel
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Na Ilha de Itaparica
No Centro de Vera Cruz
Teve gente que gritou
“Valei-me meu Bom Jesus!”
Caiu no chão o cuscuzeiro
Sacrificou-se o cuscuz
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Em Amoreiras também
Houve queixas de alguns
Teve um pescador que disse
É um protesto dos eguns
Ou então é o “praneta”
Que anda soltando uns puns!
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Até os homens da ciência
Que só trabalham com o lógico
Não registraram evento
De caráter sismológico.
Será que é o Véi Netuno
Dando um piti mitológico?
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Uns disseram que foi Lula,
Que foi Dilma e o PT
Para outros era Temer
Com Neto e FHC
É a vingança da Hodebrexi
Salvador vai se fuder!
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Especialistas se embolam
Cada um dando seu grito
Veja se no seu quintal
Não tem um meteorito
Feito uma “berruga” grande
De um metal bem bonito
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A razão do estampido
Pra quem teve ouvido bom
Diz que um jato supersônico
Quebrou o limite do som
A Aeronáutica nega
Eis o enigma ponto com
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Os blocos no mar estouram
No barco trepida o leme
Como não morreu ninguém
Dá até pra fazer um meme
Não brinque com a Terra não
Que um dia a madeira geme!
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Houve gente na função
Que nem por isso parou
Aproveitou o balanço
E ali mesmo ficou
Durou menos que um orgasmo
Terremoto em Salvador
XXX
Por Zezão Castro – jornalista