Neste dia (29/03), as palmas vão para aquela que foi a primeira capital do Brasil. Completando 468 anos, Salvador é uma das cidades mais antigas da América do Sul e se destaca mundialmente por sua cultura múltipla e importante para estabelecer a identidade do povo brasileiro. Neste percurso há muita história para contar e muitas outras para serem descobertas, inclusive nos museus que narram sobre aspectos de Salvador, como a arquitetura, arte e religiosidade. Em destaque, os espaços vinculados à Secretaria de Cultura do Estado da Bahia (SecultBA) por meio da Diretoria de Museus do Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (Dimus/IPAC).
Para destacar toda essa importância, o Centro Cultural Solar Ferrão elegeu três destaques de suas coleções, além de uma peça do Museu Abelardo Rodrigues que está instalado na mesma edificação. Em homenagem a Salvador, o Museu Abelardo Rodrigues coloca em destaque a imagem de São Francisco Xavier (século XVIII) que foi proclamado padroeiro da cidade de Salvador em 10 de maio de 1686, quando a cidade sofria com a epidemia da febre amarela. Da Coleção de Instrumentos Musicais Tradicionais Emília Biancardi, o destaque vai para uma peça que foi coletada (e produzida) em Salvador: o tambor Caxambu, Cucumbi ou Cacumbá, feito em madeira, couro, tecido e cordão.
Devido a grande influência africana em Salvador, da Coleção Claudio Masella de Arte Africana o destaque é o Trono de Realeza, peça originaria do Reino da República dos Camarões, no qual a partir do século XV, formou-se um mosaico de pequenos reinos: Bamum, Bamileke e Tikar, resultado da sobreposição das populações já presentes na região.
Além desses destaques, os acervos do Solar Ferrão trazem diversas peças fundamentais para a cultura soteropolitana. O mesmo ocorre no Museu Udo Knoff, onde o visitante aprende mais sobre a arquitetura da cidade através da azulejaria. Já no Museu Tempostal pode-se realizar uma viagem no tempo para descobrir ainda mais sobre a capital da alegria através de fotos e postais da antiga Salvador. Todos estes museus são localizados no Pelourinho e podem ser conferidos em um dia de passeio.
Além da riqueza dos acervos, estes museus estão instalados em prédios históricos que já contam parte da história da cidade. Um bom exemplo é o Palácio da Aclamação (Campo Grande). O solar oitocentista, além de ter sido morada de governadores do estado, marca o início do período de reurbanização da cidade. Também importante é o Passeio Público que é considerado um museu a céu aberto pela sua importância arquitetônico-paisagística e urbanística. Confira um pouco mais sobre os espaços:
MUSICALIDADE E CRENÇA: CENTRO CULTURAL SOLAR FERRÃO
Tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) em 1938, o casarão que sedia o Centro Cultural Solar Ferrão foi construído entre o fim do século XVII e início do XVIII. A estrutura possui seis andares e abriga a Galeria Solar Ferrão, o Museu Abelardo Rodrigues e quatro coleções: a de Arte Africana, a de Arte Popular, a Coleção Walter Smetak e a Coleção de Instrumentos Musicais Tradicionais Emília Biancardi (as coleções de Arte Popular e de Walter Smetak estão provisoriamente fechadas para novo projeto).
Salvador também é conhecida como a Roma Negra, já que a contribuição da cultura africana é inegável na construção identitária da cidade. Para conhecer mais sobre essa herança, a Coleção de Arte Africana Claudio Masella mostra a estética e a diversidade da produção cultural africana com mais de 1.000 peças datadas do século XX, as quais representam grupos étnicos de 15 países do continente.
A Coleção de Instrumentos Musicais Tradicionais Emília Biancardi mostra um acervo dividido em três módulos temáticos: Instrumentos Musicais do Mundo, Instrumentos Musicais Indígenas e Instrumentos Musicais Africanos e Afro-Brasileiros; todos pesquisados pela etnomusicóloga que compôs um acervo com mais de mil peças coletadas e recriadas nos cinco continentes.
O Solar Ferrão também sedia o Museu Abelardo Rodrigues. O colecionador pernambucano Abelardo Rodrigues (1908-1971) reuniu ao longo de sua vida uma coleção composta por mais de 800 objetos datados dos séculos XVII ao XX, que revela a trajetória histórica e artística da arte sacra cristã no Brasil, percorrendo o Barroco e o Neoclássico. As peças são confeccionadas em diversos materiais, a exemplo de madeira, barro cozido, marfim, pedra sabão e metal. São oratórios, miniaturas, imaginária, crucifixos, imagens de Roca, maquinetas, mobiliário de devoção, objetos de origem brasileira, principalmente nordestina, como também de procedência europeia.
Visitação: terça a sexta, de 12h às 18h. Sábados, domingos e feriados, das 12h às 17h
Entrada: grátis
Rua Gregório de Matos, 45 – Pelourinho, Salvador (BA)
(71) 3116-6743
Museu Udo Knoff. Foto Lázaro Menezes
AZULEJARIA E CERÂMICA: MUSEU UDO KNOFF
Os elementos que compõem a arquitetura da capital baiana são sinônimos de beleza e influência de culturas diversas. E a prova viva dessa história está no Museu Udo Knoff de Azulejaria e Cerâmica. Na Bahia, o colecionador e ceramista alemão Udo Knoff reuniu azulejos de todos os períodos do Brasil, os quais podem ser conferidos no museu que dispõe de dois ambientes: no andar térreo, a exposição “Azulejaria na Bahia” reúne materiais referentes á arte da cerâmica e do azulejo, além de proporcionar uma visão cronológica da existência do azulejo disposta do século XV ao XX, incluindo sua chegada ao Brasil, no século XVII.
Já no primeiro andar, localiza-se a mostra “Arte e Azulejaria” que exibe fotografias de prédios revestidos com azulejos confeccionados pela oficina do ceramista, fruto de projetos de artistas renomados da Bahia. Também será possível conferir um documentário sobre o colecionador, além dos objetos confeccionados nas oficinas desenvolvidas pelos museólogos da casa, que realizam atividades educacionais com o objetivo de se manter o desejo de Udo Knoff.
Visitação: terça a sexta, 12 às 18 horas, sábado e domingo e feriados, 12 às 17 horas
Entrada: grátis
Rua Frei Vicente, nº 03, Pelourinho – Salvador (BA)
(71) 3117-6389
SALVADOR DE PONTA A PONTA NOS POSTAIS: MUSEU TEMPOSTAL
Você já conferiu as fotos do Centro Antigo de Salvador? Nunca bateu a curiosidade para saber como eram a Barra, o Rio Vermelho e o Pelourinho de antigamente? Todos esses lugares e muitos outros têm a sua história mostrada visualmente em fotos e postais que compõem o acervo do Museu Tempostal, prédio histórico que possui três exposições: O Bairro do Comércio, Pelos Caminhos de Salvador e Bahia – Litoral e Sertão.
Na exposição ‘O Bairro do Comércio’, os visitantes são convidados a um passeio visual na região do Comércio, no trecho da Preguiça até o antigo Mercado do Ouro, da primeira década do século XX até os anos 80. Através de cerca de 100 imagens, a mostra apresenta aspectos históricos, urbanísticos e arquitetônicos do bairro, que foi criado para servir de ancoradouro das naus que traziam produtos de outros países. A mostra ‘Pelos Caminhos de Salvador’ retrata parte da urbanização, crescimento e modernização da capital baiana, através de imagens e fotografias que retratam as diversas transformações ocorridas no tecido urbano da cidade, iniciadas em fins do século XIX. Através de uma leitura histórica, é possível conferir, também, as mudanças nos hábitos e costumes ligados à vida cotidiana.
Na exposição ‘Bahia – Litoral e Sertão’ são apresentadas as relações econômica e social desenvolvida entre duas regiões distintas da Bahia através de registros datados do início do século XX, de diferentes cidades do interior do Estado, revelando a importância da nossa formação geopolítica, ressaltando o impacto da exploração colonial, do povoamento heterogêneo, e a pluralidade de atividades exercidas tanto na região litorânea quanto no sertão.
Visitação: terça a sexta, das 12h às 18h. Fins de semana e feriados, das 12h às 17h
Entrada: grátis
Rua Gregório de Matos, 33, Pelourinho – Salvador (BA)
(71) 3117-6383
Foto: Angeluci Figueiredo
O Passeio Público, localizado na Av. 7 de Setembro (Campo Grande), conta com uma exposição permanente de painéis (média 3,5 X 2 metros) nas suas paredes e muros. São 11 grandes fotos especialmente impermeabilizadas, com imagens de várias localidades de Salvador no final do século XIX que mostram as mudanças urbanas e arquitetônicas da primeira capital do Brasil. A exposição ‘Museus: Paisagens Culturais’ é resultado de pesquisa realizada com o livro ’50 anos de urbanização – Salvador da Bahia no Século XIX’, resultado do projeto de pesquisa de Consuelo Novais ‘Serviços Urbanos e Movimentos Sociais na Bahia – 1846-1900’, vencedor da primeira edição do Prêmio Clarival do Prado Valladares (historiador e crítico de arte brasileiro).
Localizado em espaço nobre da capital baiana, com vista para a Baía de Todos os Santos e espécies de flora que proporcionam ambiente bucólico, o Passeio Público é considerado um museu a céu aberto pela sua importância arquitetônico-paisagística e urbanística, e por elementos artísticos presentes, como estátuas, além de ser conhecido por ser um espaço democrático, onde acontecem diversas manifestações educativas e culturais.
Visitação: todos os dias, das 08h às 17h
Entrada: grátis
Av. Sete de Setembro, S/N – Campo Grande, – Salvador (BA) (71) 3117-6447