Com o cenário econômico ainda incerto, os consumidores não estão conseguindo poupar dinheiro em 2017. Em fevereiro, 20% dos consumidores guardaram alguma quantia, sendo que entre as classes A e B essa proporção foi maior, de 34%. Já nas classes C, D e E, apenas 16% conseguiram poupar.
As informações, reveladas pelo Indicador de Reserva Financeira, calculado pelo SPC Brasil (Serviço de Proteção ao Crédito) e pela CNDL (Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas), apontam também que a quantidade de consumidores que dizem não ter guardado compõe a grande maioria: nas classes A e B, 62% não conseguiram poupar em fevereiro.
Quando se considera as classes C, D e E, o número sobe para 78%. No total, 74% não conseguiram poupar. No mês anterior, o percentual fora de 80%, uma diferença de 6 pontos percentuais.
Em média, aqueles que conseguiram poupar guardaram R$ 414 em fevereiro, sendo que, os consumidores das classes A e B pouparam, em média, R$ 588 enquanto os das classes C, D e E pouparam R$ 323.
O presidente do SPC Brasil, Roque Pellizzaro, avalia que “a significante diferença entre os estratos de renda reflete o fato de que, entre os que ganham menos, os gastos básicos tomam uma parte maior orçamento, deixando pouca margem para a poupança”.
Entre os consumidores que não pouparam em fevereiro, a principal justificativa foi a renda baixa, mencionada por 46% dos entrevistados. Os imprevistos também se destacaram, citados por 13% e outros 13% disseram estar sem renda no momento. Além destes motivos, 8% citaram o fato de não conseguirem controlar os gastos; 7% a falta de disciplina e 4% disseram que gostam de aproveitar o presente e que guardar dinheiro não é sua prioridade.
Na avaliação da economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti, o mais importante para os consumidores de baixa renda é o hábito de poupar, que, segundo ela, inibe o mau comportamento de gastar mais do que se ganh
Para Kawauti, a constituição de uma reserva financeira é garantia contra imprevistos, além de um meio para a realização de planos de consumo.
— O consumidor que, nesses casos, não pode se valer de recursos próprios, tem de recorrer a bancos e instituições financeiras, arcando com juros geralmente bastante elevados.
Entre os entrevistados que dizem poupar habitualmente, a maior parte (33%) se diz motivada por imprevistos como doenças, mortes e problemas diversos. Há também 28% que falam em garantir um futuro melhor para a família e 26% que mencionam a reserva para o caso de desemprego. A realização de sonho de consumo foi citada por 24% e 20% mencionam a reforma da casa.
A lista de finalidades da poupança também inclui viagens, a compra de imóveis, os estudos e até a abertura de negócios. A preocupação com a aposentadoria não é algo que se destaca, citada somente por 13% dos que pouparam.
O levantamento ainda mostra que, em fevereiro, entre aqueles que possuem reserva financeira, mais da metade (55%) fizeram uso dos recursos poupados. Em janeiro, esse número foi 48%. Os principais motivos foram o pagamento de despesas extras (12%), pagamento de dívidas (12%) e imprevistos (11%).
O único destino que supera a própria casa é a caderneta de poupança, mencionada por 54%. Em seguida, aparecem os fundos de investimento (12%); a Previdência Privada (8%); o CDB (5%); e o Tesouro Direto (4%), entre outras modalidades de investimentos.
R7