Após a gravidez, a mulher ganha uma nova função e tem de se readaptar à nova vida. Com um bebê, ela deixa de lado sua antiga rotina e começa a exercer o novo papel: a maternidade. A privação no sono, as mudanças hormonais, e até o abalo na autoestima podem fazer a mulher perder a vontade de fazer sexo, e a nova mamãe pode demorar até um ano para resgatar o desejo sexual, conforme explica a ginecologista especializada em sexualidade feminina Flávia Fairbanks.
— A nova função materna faz a mulher deixar o bebê como prioridade. Ela quer o parceiro para cuidar do bebê e a vida afetiva e sua personalidade enquanto mulher deixam de ser prioridades nesse momento. Então, ela pode levar de três meses a um ano para voltar a ter o desejo sexual e sentir prazer nas relações.
Segundo Flavia, essa variação pode ocorrer devido a fatores físicos, como hormonais, por exemplo:
— A prolactina, hormônio da amamentação que inibe o desejo, age durante o aleitamento. Assim, frequência, regularidade e período de amamentação interferem muito no desejo sexual. Além disso, existe o nível de cansaço e estresse da mãe e da família por conta da chegada do bebê. O próprio comportamento do bebê — calma, tranquilidade, se dorme com facilidade — também pode mudar a vida sexual da mulher.
Após o parto, o organismo da mulher leva ao menos 40 dias para voltar a se preparar a rotina sexual, pois pode haver sangramento e feridas na placenta. Além disso, a amamentação aumenta os níveis da prolactina, um hormônio que afeta a libido e a lubrificação, explica a ginecologista.
— Passado o período de aleitamento, a mulher experimenta uma diminuição no androgênio, um hormônio que está ligado ao envelhecimento e, mais tarde, à menopausa. Ele influencia muito o desejo sexual.
Muitas mulheres desenvolvem transtornos como ansiedade e depressão após dar à luz, problemas que estão diretamente ligados aos baixos níveis de libido, explica a médica. Além disso, nessa fase, a mulher também pode ter sua autoestima abalada, porque elas têm de priorizar a vida e as necessidades do recém-nascido.
— As mulheres têm de se adaptar e reorganizar. Somado a isso, há homens que não esperavam esse tipo de transformação e reagem mal, sem conseguir apoiar a companheira. Isso causa um baque na autoestima dessa mulher.
Mais do que isso, as atitudes dos companheiros de desapoio podem levar a problemas no casamento.
— A mulher está desconfortável com sua nova posição, passando por uma adaptação com ela, em primeiro lugar, e com o parceiro, em segundo lugar. Se o companheiro não é capaz de ajudá-la a se reerguer e ser compreensivo com as mudanças, isso pode trazer problemas. Durante essa fase, muitas mulheres sofrem traições, por exemplo.
Para superar essas questões, o primeiro passo é que a mulher e seu parceiro reportem a questão ao obstetra responsável pelos cuidados da família.
— O profissional há de valorizar a queixa. Essa situação requer ajuda profissional. Depois, esse médico tem que avaliar se tem a capacidade de ajudar o caso. Se não, ele deve encaminhar o paciente a algum profissional da medicina sexual, como um ginecologista, psicólogo ou psiquiatra que saiba tratar a questão sexual.
R7