Neste mês, é promovido em todo o Brasil o movimento Maio Amarelo (www.maioamarelo.com), com o objetivo de alertar a sociedade para o alto índice de mortes e acidentes no trânsito. De acordo com a ABRAMET (Associação Brasileira de Medicina e Tráfego), o sono e o cansaço são responsáveis por 60% das ocorrências. Nos últimos quatro anos, segundo a Polícia Rodoviária Federal, a estimativa é de que ao menos 17.454 motoristas sofreram acidentes de trânsito nas estradas cuja causa presumível foi dormir ao volante.
Em Salvador, a especialista em sono Kenya Felicíssimo, Delegada-Brasil da Associação Mundial do Sono e professora de Mestrado da UFBA, promove uma campanha, em parceria com as Polícias Rodoviárias Federal e Estadual, Detran-Ba, Sest Senat, Sindicato dos Rodoviários da Bahia e a Sesab – Saúde do Homem. Ao longo do mês, serão realizadas ações de educação para o trânsito, através de palestras em diversos órgãos, abordagens informativas das polícias, além de campanhas nas redes sociais.
“A privação de sono e alguns distúrbios, como ronco e apneia, provocam sonolência diurna, falta de atenção, de concentração e alterações de humor. É preciso dormir com qualidade para preservar as funções cognitivas, motoras e perceptivas”, esclarece Kenya Felicíssimo, que é pioneira em Odontologia do Sono na Bahia. Ela explica que, assim como o excesso de velocidade, o consumo de álcool e o uso do celular, a sonolência é um comportamento de risco evitável ao volante.
A Academia Brasileira de Neurologia alerta que 86,6% dos motoristas já sentiram sono ao dirigir em estradas. A pesquisa aponta, ainda, que 40% dos entrevistados já dirigiram em zigue-zague devido à sonolência e 23,4% saíram da pista sem perceber. Apenas 22,8% dizem que nunca dirigem com sono. Estudos apontam que, a depender do grau de privação de sono do motorista, o impacto será tão grande quanto dirigir alcoolizado. A nível mundial, cerca de 1,25 milhão de pessoas morrem nestes tipos de acidente, de acordo com a OMS.
“O motorista precisa ficar atento aos sinais que o corpo dá, como bocejar de forma contínua, sentir olhos ou cabeça pesados, não se lembrar por onde acabou de passar”, diz. Nessas situações, o recomendado é parar em algum lugar, andar um pouco, lavar o rosto, ingerir água e café. “Se o sono persistir, o ideal é procurar um local seguro para descansar. Deve-se evitar dirigir por um período muito longo, ingerir comidas pesadas, bebida alcoólica e o uso de substâncias estimulantes que mascarem o sono”, indica Kenya Felicíssimo.
Mais dados da PRF
A Polícia Rodoviária Federal calcula que, apenas no ano passado, 3.765 motoristas sofreram acidentes de trânsito nas estradas cuja causa presumível foi dormir ao volante. Destes, 290 foram fatais e 799 resultaram em feridos graves. A maioria dos acidentes aconteceu na região do Sudeste (38,3%), seguida do Sul (25,9%) e do Nordeste (17,2%). Por último, estão Centro-Oeste (14,7%) e Norte (3,9%). Nos últimos quatro anos, foram 17.454 ocorrências em todo o Brasil, com 1.339 mortes e 3.512 feridos graves.
O impacto dos distúrbios do sono ao volante
De acordo com a Fundação Nacional do Sono, a insônia aumenta em 250% o risco de acidentes de trânsito; em caso de apneia, o risco é elevado para 700%. O motorista sonolento tem atenção reduzida nas estradas, maior tempo para reagir e para tomar decisões. Como medida preventiva, o Conselho Nacional de Trânsito publicou, em 2008, a Resolução 267, que exige uma avaliação dos distúrbios do sono para os motoristas que realizem adição, renovação ou mudança para as categorias C (caminhão), D (ônibus) e E (carreta).