O Copom (Comitê de Política Monetária) manteve o ritmo de cortes e optou nesta quarta-feira (31) pela sexta redução seguida da taxa básica de juros da economia brasileira. Após dois dias de reunião, os diretores do BC (Banco Central) decidiram reduzir a Selic em 1 ponto percentual, para 10,25% ao ano, menor patamar desde janeiro de 2014.
A sequência de seis baixas consecutivas da Selic não era vista na economia nacional desde outubro de 2012, quando a taxa chegou ao patamar de 7,25% ao ano após o processo de 10 cortes seguidos, iniciado em agosto de 2011, quando a taxa figurava em 12,5% ao ano.
O veredito de reduzir novamente a Selic em 1 ponto percentual foi tomado por unanimidade. Além do presidente do BC, Ilan Goldfajn, votaram a favor do corte Anthero de Moraes Meirelles, Carlos Viana de Carvalho, Isaac Sidney Menezes Ferreira, Luiz Edson Feltrim, Otávio Ribeiro Damaso, Reinaldo Le Grazie, Sidnei Corrêa Marques e Tiago Couto Berriel.
A manutenção do ritmo de corte da Selic era tida como uma incógnita desta vez em função do conturbado ambiente político criado após revelações feitas pelos executivos da JBS. O Copom, no entanto, seguiu as expectativas do mercado financeiro, que apostava em um corte de exatamente 1 ponto percentual nos juros.
Em nota divulgada após a reunião, o Copom afirma que conjunto dos indicadores de atividade econômica divulgados desde o último encontro do grupo “permanece compatível com estabilização da economia brasileira no curto prazo e recuperação gradual ao longo do ano”.
“O comportamento da inflação permanece favorável, com desinflação difundida inclusive nos componentes mais sensíveis ao ciclo econômico e à política monetária. É necessário acompanhar possíveis impactos do aumento de incerteza sobre a trajetória prospectiva da inflação”, destaca o comunicado.
O Copom também destaca que o andamento das reformas em tramitação no Congresso Nacional aumenta a incerteza em trono do ajuste da economia nacional.
As seguidas reduções da Selic sinalizam que a economia brasileira está voltando à estabilidade após a crise que atravessou o País. Agora, o BC divulga a ata da reunião na terça-feira da semana que vem (6), com as explicações detalhadas sobre o que motivou a decisão.te
Taxa básica
A Selic é conhecida como taxa básica porque é a mais baixa da economia e funciona como forma de piso para os demais juros cobrados no mercado. A taxa é usada nos empréstimos entre bancos e nas aplicações que as instituições financeiras fazem em títulos públicos federais.
Em linhas gerais, a Selic é taxa que os bancos pagam para pegar dinheiro no mercado e repassá-lo para empresas ou consumidores em forma de empréstimos ou financiamentos. Por esse motivo, os juros que os bancos cobram dos consumidores são sempre superiores à Selic.
A taxa básica também serve como o principal instrumento do BC para manter a inflação sob controle, próxima da meta estabelecida pelo governo, de 4,5%. Isso acontece porque os juros mais altos fazem o crédito ficar mais caro, reduzem a disposição para consumir e estimulam novas alternativas de investimento.
Quando o Copom aumenta a Selic, o objetivo é conter a demanda aquecida e isso causa reflexos nos preços, porque os juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança. Já quando o Copom reduz os juros básicos, a tendência é que o crédito fique mais barato, com incentivo à produção e ao consumo.
A Selic só influencia o rendimento da poupança quando é igual ou inferior a 8,5% ao ano. Ou seja, com a taxa a 10,25% ao ano vale mais a pena buscar alternativas mais atrativas de investimento.
R7