Pesquisadores da Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto (Famerp) observaram que nenhum dos bebês expostos ao Zika durante a gestação nasceu com microcefalia ou qualquer alteração neurológica grave no município paulista. Foram acompanhadas 55 mulheres que tiveram diagnóstico confirmado de zika durante a gestação. Todas levaram a gravidez até o final. Os bebês nasceram vivos e sem nenhuma má formação. “Cerca de 28% dos bebês apresentaram alguma alteração no nascimento, como pequenas calcificações no cérebro, pequenas lesões em vasos cerebrais, surdez unilateral ou danos à retina. Alguns deles apenas tinham o vírus no organismo, mas não apresentavam sintomas. E nenhuma alteração neurológica mais grave foi observada”, afirmou o professor Maurício Lacerda Nogueira, em entrevista à Agência Fapesp. Como pontuou o pesquisador, todas a crianças incluídas no estudo teriam sido consideradas normais pelos serviços de saúde e não teriam os sintomas identificados se não estivessem participando de um protocolo de pesquisa. O padrão observado em São José do Rio Preto, segundo Nogueira, é muito diferente do que tem sido verificado em estados da região Nordeste ou mesmo no Rio de Janeiro. Um estudo publicado em 2016 no New England Journal of Medicine por pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) constatou que 39,2% das grávidas infectadas com o vírus no Rio de Janeiro tiveram bebês com alterações neurológicas importantes e 7,2% das gestações não chegaram ao fim – totalizando 46,4% de desfechos adversos. Foram incluídas nesse estudo 125 gestantes com diagnóstico confirmado de zika. Quatro bebês nasceram com microcefalia, pouco mais de 3% da amostra estudada. “O estudo feito no Rio foi a primeira descrição de zika em gestantes. Agora, estamos adicionando uma nova população, em um novo ambiente, e os resultados são muito diferentes. Estamos mostrando um novo quadro da infecção por Zika na gravidez”, comentou Nogueira.
Bahia Notícias