No peito de Laércio Santos estava estampada a foto e uma mensagem de dor, “saudade eterna”. O jovem, de 29 anos, saiu pelas ruas do bairro de Vida Nova, em Lauro de Freitas, neste sábado (1), em direção a Praça 8 de Março para clamar por justiça para os crimes envolvendo mulheres na região. Assim como muitos outros, ele sentiu na pele o luto causado pela tragédia do feminicídio. No último final de semana, sua mãe, Vanúsia Santos, foi brutalmente assassinada a facadas pelo companheiro dentro de casa. “Pedimos respeito pela figura feminina, nossa luta é para que essa barbárie contra as mulheres deixe de ser praticada”, disse.
O Ato Pela Paz, encabeçado pela Secretaria de Políticas para Mulheres (SPM), reuniu mulheres e homens, crianças, jovens e idosos. Vestidos de branco, os participantes atraíram a atenção da comunidade e relembram os nomes das vítimas mais recentes. “Estamos aqui hoje por Marli, Jussara, Gilmara e Vanúsia. Nossa luta é pela paz, com políticas para que as pessoas deem valor a vida. Não podemos deixar que isso se repita em nossa sociedade”, frisou a prefeita Moema Gramacho, que destacou as ações implantadas em suas gestões na cidade voltadas ao gênero.
Equipamento de defesa dos direitos e empoderamento das mulheres, a SPM foi implantada em Lauro de Freitas no primeiro mandato de Moema em 2005. O órgão obteve destaque nacional por ser também o primeiro a ser implantado por uma prefeitura no país. A prefeita destacou que logo após este feito, naquele mesmo ano, aconteceu a instauração do Centro de Referência Lélia Gonzalez, com foco no atendimento a mulheres vítimas de violência doméstica. “Estas ações aconteciam juntamente enquanto o Brasil, durante o governo Lula, aprovava a Lei Maria da Pena, mais uma importante ferramenta de combate e punição aos agressores”, conta.
Emocionada a secretaria da SPM, Bárbara Chaves explicou que o Ato marca o repúdio a estatística sombria que revela que Vida Nova é o bairro onde há maior número de mulheres agredidas e mortas na cidade. “Nós queremos chamar a atenção da população para que haja o entendimento que o combate não deve ser feito apenas pelo poder público, mas também em cada casa, em cada esquina. Fazer com que o feminicídio, acobertado pelo machismo seja extirpado de Lauro de Freitas”, pontuou.
As bolas brancas tomavam o céu, enquanto os presentes aplaudiam e homenageavam as vítimas. “Temos unidos esforços juntamente com o governo do estado para trazer para Lauro de Freitas uma Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam) e a Ronda Maria da Penha, com policiais preparadas para atuar diante desses casos. Não iremos descansar até que esse índice seja totalmente reduzido. Para isso, ações como o Programa Mulheres da Paz, extinto pela gestão passada, retornaram e agora com mais força porque junto a elas estarão as Agentes Comunitárias Femininas, específicas para cuidar e tratar de assuntos relacionados à mulher”, garantiu a prefeita.