Com o intenso crescimento do tráfego aéreo mundial, a demanda por pilotos é cada vez maior. Contudo, o setor dependente da conjuntura econômica não conseguiu se antecipar à necessidade e agora encara falta de mão de obra qualificada. Nos próximos dez anos, a aviação comercial vai precisar contratar cerca de 250 mil pilotos no mundo todo, segundo estudo publicado em junho no Salão Aeronáutico Le Bourget (França) pelo CAE, companhia especializada em formação no setor da aviação civil.
Para manter o crescimento da indústria do transporte aéreo comercial, o informe recomenda a formação de 180 mil copilotos que, mais tarde, serão promovidos comandantes de bordo, “número superior a todas as décadas anteriores”. Diante do robusto tráfego de passageiros, crescendo 4,5% ao ano, as fabricantes Boeing e Airbus estão apostando em dobrar suas frotas de aeronaves nos próximos 20 anos, com a maior parte da demanda vinda da Ásia.
Contudo, mais aviões significam mais pilotos. E esse mercado está “tenso” há seis meses ou um ano, garante Philippe Crébassa, diretor adjunto da Enac, maior escola aeronáutica da Europa, em Toulouse, na França. Apesar de as previsões dos fabricantes há anos alertarem para a “necessidade maciça” de pilotos, as companhias aéreas não conseguiram prever “a recente recuperação positiva, repentina e brutal” da conjuntura, disse à AFP Crébassa, que também é piloto de aviões privados.
O setor aéreo segue de perto o crescimento econômico e, até aqui, as companhias aéreas “sempre quiseram contratar o número exato [de pilotos], sem se arriscar”, apontou o especialista. Agora, porém, todas as companhias serão afetadas pela escassez, principalmente as chinesas, que já se viram obrigadas a adiar a compra de novos aviões ou cancelar voos.