Os problemas de direitos humanos existentes no Brasil permitiram a intensificação da epidemia de zika, avaliou a organização internacional Human Rights Watch. De acordo com relatório divulgado nesta quinta-feira (13), esses pontos não foram solucionados pelo governo, apesar da declaração do fim da Emergência em Saúde Pública de Importância Nacional (Espin) para o vírus, em maio deste ano. O relatório “Esquecidas e desprotegidas: o impacto do vírus Zika nas meninas e mulheres no Nordeste do Brasil” aponta que é preciso que as autoridades brasileiras invistam em infraestrutura de água e saneamento para controlar a reprodução dos mosquitos e melhorar a saúde pública. “As autoridades devem também fornecer informações abrangentes sobre saúde reprodutiva e fornecer serviços de saúde para mulheres e meninas, descriminalizar o aborto e garantir que crianças com síndrome de Zika tenham acesso de longo prazo a serviços que lhes proporcionem a melhor qualidade de vida possível”, diz o documento. A Human Rights Watch afirma ter constatado que anos de negligência contribuíram para as condições de água e esgoto que permitiram a proliferação do mosquito Aedes aegypti e a rápida disseminação do vírus. Para fazer o relatório, segundo a Agência Brasil, foram entrevistadas 183 pessoas em Pernambuco e na Paraíba, dois dos estados do Nordeste mais atingidos pelo vírus. Entre os entrevistados, estão 98 mulheres e meninas entre 15 e 63 anos de idade, das quais 44 estavam grávidas ou haviam tido bebê recentemente. Entre essas, 30 entrevistadas criavam filhos com Síndrome de Zika. “Os brasileiros podem até ver a declaração do Ministério da Saúde sobre o fim da emergência para o Zika como uma vitória, mas riscos significativos ainda permanecem, assim como persistem os problemas subjacentes de direitos expostos pela epidemia. Os direitos básicos dos brasileiros continuarão ameaçados, caso o governo não reduza a infestação de mosquitos no longo prazo, não garanta o acesso a direitos reprodutivos e não apoie as famílias com crianças afetadas pelo Zika”, afirmou a coautora do relatório e pesquisadora sênior da divisão de Direitos da Mulher da Human Rights Watch, Amanda Klasing.