Em qualquer momento a presença da mulher surge como ícone delimitador de transformações e avanços sociais, econômicos e políticos. Nesta terça-feira, 25 de julho, essa máxima é reforçada. A data foi instituída pelas Nações Unidas, como o Dia Internacional da Mulher Afrodescendente.
Estima-se que mais de oitenta milhões de mulheres se reconhecem como afrodescendentes na América Latina, e o ponto em comum entre elas é a certeza de que a mulher negra até hoje ainda sofre com o terrível crime de racismo que não reconhece os grandes valores culturais e sobretudo a sabedoria. O dia 25 de julho vem como um momento épico para reafirmar a luta por melhores condições.
Estudo científico
Uma razão importante para celebrar este dia foi o descobrimento científico em 1986, confirmado depois com análise de DNA, de que a África é a Pátria Mãe da Humanidade. Isso quer dizer que todos são afrodescendentes. A pesquisa comprovou que o primeiro grupo humano que se tem registro viveu na África Oriental, hoje Etiópia, Kênia e Tanzânia cerca de cento e cinquenta mil anos atrás, posteriormente migrando para as regiões da Ásia e Europa.
Estes fatos fizeram com que a Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas, proclamasse em 18 de dezembro de 2009, o ano de 2011, como o ano Internacional dos Afrodescendentes. Significa dizer oficialmente que “os afrodescendentes representam um setor definido da sociedade cujos direitos humanos devem ser promovidos e protegidos”.
Dados no Brasil
A luta persiste no Brasil, basta olhar por dentro, ou para além do discurso silenciador que não há racismo ardil e velado, perversidades de um machismo e um preconceito que matam, cruciam, brutalizam e desintegram mulheres negras. Conforme dados divulgados no Geledes, quando há uma violência contra a mulher, a vítima é negra em mais da metade dos casos. Esses dados reforçam o mundo inseguro em que vivem e justifica o porquê ocupam no ranking nacional a cadeia de vulnerabilidade social. Fora os 12 milhões de mulheres que já sofreram algum tipo de ofensa verbal em 2016. 5,2 milhões foram assediadas e humilhadas publicamente no transporte público. 4,4 milhões sofreram uma violência física como tapa, chute ou soco. 1,4 milhões foram espancadas ou sofreram tentativa de estrangulamento. Em 61% dos casos por conhecidos. E o pior dos dados: 52% dos episódios silêncio total ou nada fizeram.
A maioria das mulheres negras possui em suas memórias as terríveis marcas da opressão avivadas pelo sexismo todos os dias, rememorar esse dia é reconhecer a história das mulheres negras que devem estar no centro do Panteão cultural brasileiro, que infelizmente pouco se conhece sobre nossas heroínas negras: Maria Felipa, Dandara, Zeferina, Luíza Mahin, Carolina de Jesus, Firmina Reis, Laudelina Mello, Tereza de Benguela e tantas outras.