O PSD é a noiva mais cobiçada para as eleições de 2018 na Bahia. E, por enquanto, mantém firmes vínculos com a candidatura à reeleição do governador Rui Costa (PT), mas pode abrir uma cisma na base aliada dele. Caso o partido reivindique espaço na chapa majoritária do petista – o que necessariamente vai acontecer -, PP ou PSB serão excluídos da esperada composição, pois já existem dois nomes bem traçados para concorrer no próximo ano: o de Rui e do ex-governador Jaques Wagner (PT), que deve tentar uma cadeira no Senado. No universo teórico da política, a chapa de 2018 seria composta por parte da chapa de Rui, tendo João Leão (PP) como vice, e parte da chapa da reeleição de Wagner, em 2010, quando os senadores Walter Pinheiro (sem partido) e Lídice da Mata (PSB) foram eleitos. Na prática, todavia, isso não deve acontecer. Wagner deve herdar a vaga petista de Pinheiro, sobrando Leão e Lídice para disputar uma indicação com o PSD e toda a capilaridade social-democrata no interior do estado. O partido saiu de 2016 com 83 prefeituras. Tornou-se ainda mais poderoso. Entrou 2017 com o presidente da União dos Municípios da Bahia (UPB), Eures Ribeiro, prefeito de Bom Jesus da Lapa, e o presidente da Assembleia Legislativa da Bahia (AL-BA), Angelo Coronel. Este último já candidato praticamente declarado a uma vaga na chapa majoritária dos partidos que compõem a base aliada de Rui. O flerte do PSD com o lado oposto, para atuar com ACM Neto (DEM), é praticamente nulo e nem o presidente nacional do partido, Gilberto Kassab, se reaproximando do antigo partido, o DEM, criaria esse Frankenstein político na Bahia com facilidade. O presidente da sigla na Bahia, Otto Alencar, cravou que não mudaria de lado e, durante a sua trajetória política, não registrou histórico de traição. Prioritariamente Leão não estaria em perigo de ser rifado da chapa. É um vice discreto e não concorre pelo poder com Rui. Porém, diferente de Lídice, integra um partido que compõe o governo de Michel Temer (PMDB), adversário declarado do PT do governador. A título de exemplo, Cacá Leão, filho e representante do PP na Câmara dos Deputados pela Bahia, admitiu que deve seguir o partido e votar contra a denúncia contra Temer – em 2016, durante o impeachment de Dilma Rousseff, ele e Mário Negromonte Jr. se abstiveram e contrariaram a indicação do partido pela ligação com o governo baiano. O PSB de Lídice não apresenta a mesma musculatura política do PP no interior do estado e ainda pesa contra ela o fato de ter sido adversária de Rui na campanha de 2014. Wagner, que foi um costurador político excepcional para construir a unidade em prol de Rui, terá uma tarefa hercúlea no próximo pleito de manter a união da base, pois política não tem sido um dos pontos mais destacados do governador. Para sorte deles, terá inicialmente como aliado Otto Alencar, maestro do PSD, a noiva prometida e cobiçada para as urnas de 2018. Este texto é parte do comentário para a RBN Digital desta segunda-feira (24), veiculado às 7h e com reprise às 12h30.
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