Quando diagnosticada, a apneia do sono pode e deve ser tratada. “O objetivo do tratamento é manter as vias aéreas permeáveis ao fluxo de ar durante a noite”, resume a Fisioterapeuta da Clínica ADS, Vivian Morelli. A dica da especialista refere-se à interrupção na respiração responsável por causar desde os incômodos roncos até problemas mais sérios, como as arritmias cardíacas.
Muito além de quebrar o ciclo do sono e prejudicar o necessário descanso, a apneia deve ser diagnosticada e tratada da forma correta. “Só assim é possível evitar que a doença evolua para algo mais complexo, como um ataque do coração ou um derrame cerebral”, pontua Morelli, que é membro da Associação Brasileira do Sono (ABSONO) e membro da Liga Baiana do Sono.
Segundo ela, uma das formas de tratamento da apneia se dá através do uso de uma máscara, geralmente conectada a aparelhos específicos (CPAP e bipap são os mais comuns) que funcionam como compressores de ar. Sua função é forçar a passagem de oxigênio através das vias aéreas superiores, durante a noite. “Os níveis de pressão da máscara devem ser ajustados individualmente a partir dos resultados de um estudo polissonográfico cuidadoso”, explica. “O uso deste aparelho pode impedir que o paciente pare de respirar, evitando infartos e morte súbita”, acrescentou.
Existem casos em que a cirurgia é indicada, como para remoção de obstáculos e correção de distúrbios anatômicos que dificultem a passagem de ar. Perda de peso, no caso de pacientes obesos, evitar dormir na posição supina (de barriga para cima), entre outras medidas, podem ajudar o paciente com apneia a dormir melhor.
Incômodo – “Costumo acordar várias vezes à noite com o som do meu próprio ronco e sinto que, em seguida, fico com um pouco de taquicardia”, relata a vendedora autônoma Mariana Fabrício. Segundo ela, o ronco que apresenta enquanto está dormindo a deixa desconfortável: “Meu marido entende que não depende de mim, mas fico triste por estar atrapalhando o descanso dele”, lamenta.
A apneia do sono é caracterizada por ruídos e interrupções na respiração que se repetem no mínimo cinco vezes num período de 60 minutos. “Muitas vezes, há os engasgos e o paciente nem percebe que isso está acontecendo, porque está em descanso”, afirma a fisioterapeuta da Clínica ADS. As pequenas pausas na entrada de ar chegam a diminuir a concentração de oxigênio no sangue e é aí que surgem os problemas mais sérios.
A redução de oxigênio super ativa o sistema nervoso, que eleva o ritmo dos batimentos cardíacos e estimula a contração dos vasos sanguíneos. Este processo se perpetua ao longo do dia, fato que torna a apneia do sono um fator de risco para pressão alta e arritmia cardíaca. Além disso, “o quadro favorece o acúmulo de gordura abdominal e a resistência à insulina (hormônio que permite à glicose entrar nas células e gerar energia), condições que contribuem para o surgimento do diabete tipo 2”, destaca Vivian Morelli.
A fragmentação da arquitetura do sono também provoca cansaço, dificuldade de permanecer acordado durante atividades sedentárias como conversar ao telefone e dirigir automóvel, além de causar irritabilidade, depressão, redução da libido, impotência sexual e dor de cabeça pela manhã (uma das manifestações mais frequentes da síndrome).
Causas e diagnóstico – As causas do estreitamento ou oclusão da passagem de ar pelas vias aéreas superiores que originam a apneia do sono são variadas. Entre elas, destacam-se a obesidade, o crescimento das amígdalas, malformações da mandíbula ou da faringe, hipertrofia da língua (como ocorre na síndrome de Down), tumores, hipotonia dos músculos da faringe e falta de coordenação dos músculos respiratórios.
O diagnóstico preciso do distúrbio só pode ser estabelecido através da polissonografia, um exame que permite testar durante o sono os potenciais elétricos da atividade cerebral, dos batimentos cardíacos, os movimentos dos olhos, a atividade muscular, o esforço respiratório, a saturação de oxigênio no sangue e o movimento das pernas, entre outros parâmetros.