Aproximar os principais nomes da gastronomia à agricultura familiar baiana. Com esse objetivo, o Bahia Produtiva, projeto executado pela Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional (21), empresa da Secretaria de Desenvolvimento Rural do Estado (SDR), promove a segunda ‘Expedição Gastronômica: Da roça para a mesa’, desta vez para o território de produção do Licuri, o Piemonte da Diamantina. O cardápio dessa expedição, que teve início neste sábado (19) e segue até esta segunda (21), está recheado de atividades temáticas e atrações culturais com a comunidade quilombola de Várzea Queimada, povoado que recebe nesse período a 10ª Festa do Licuri, no município de Caém, que teve o apoio Governo da Bahia apoiou e busca dar visibilidade aos potenciais naturais existentes no semiárido e resgatar a cultura regional.
Entre os convidados estão os chefs Caco Marinho (Doc Casual Dinning) e Leonardo Roncon (apresentador do programa Chef´s em Ação, da Sony), Fabricio Lemos e Lisiane Arouca (Origem), Ricardo Brito (Al Mare), Edinho Engel (Amado) e Dudu Prado (Lafayette). No primeiro dia da Festa do Licuri, os chefs puderem experimentar o licuri armazenado de formas diferentes e participar de oficinas temáticas, além de trocar experiência com produtores de licuri.
No final de semana, o secretário estadual de Desenvolvimento Rural, Jerônimo Rodrigues, prestigiou o evento e ressaltou que a agenda do licuri que envolve alimentação vem sendo despertada porque é um produto valioso. “Estamos trazendo chefs de cozinha que estão fazendo oficinas à base do licuri, buscando formas e implementar seus cardápios com o produto, conhecendo a cultura e levando inovação desconhecidas, inclusive, para eles”.
Segundo Caco Marinho é um produto de qualidade que deve sair da Bahia para o Brasil e para o mundo. “Com essa experiência a gente descobre que o agricultor familiar possui um papel fundamental na nossa cozinha e não tem sido valorizado da forma que merecem”. De acordo com Leonardo Roncon, esse foi seu primeiro contato com o licuri. “Estou encantado. A minha vinda é tentar mostrar para o Brasil que existe esse produto na Bahia, muito gostoso e versátil”. A Expedição também levará os chefs até a Cooperativa de Produção da Região do Piemonte da Diamantina (Coopes), com sede no município de Capim Grosso, para conhecer o beneficiamento do licuri e dialogar com os membros da cooperativa sobre produtos e comercialização.
A Coopes foi selecionada no edital de apoio às culturas oleaginosas do Bahia Produtiva, projeto executado pela CAR/SDR. No total serão investidos mais de R$ 890 mil para fortalecimento da cadeia produtiva do licuri. Ainda faz parte da programação o momento “Cozinhando Licuri na Roça com os Chefs”, onde será possível degustar as delícias que serão criadas por eles. A iniciativa é executada em parceria com a Aliança dos Cozinheiros Slow Food, uma rede que reúne cozinheiros de todo o mundo que preza pela comida boa, limpa e justa.
Conhecendo na origem
Para o chef do Amado, Edinho Engel, todo chef brasileiro precisa conhecer o produto da sua terra e precisa investigar para saber no que ele bom e para que serve: “A expedição nos trouxe para que pudéssemos no aprofundar sobre o licuri em um quilombo que produz e trabalha com isso. O licuri é uma joia do Piemonte da Bahia, é lindo e dá pra fazer mil coisas”. A chef e dona do restaurante Origem, Lisiane Arouca, já utiliza o licuri em sobremesas feitas por ela.
“É sensacional participar dessa expedição durante a Festa do Licuri, um ingrediente tão nosso e tão presente na nossa Bahia. Já utilizamos no nosso restaurante e estar perto dos produtores, da terra que produz, e do próprio pé de licuri, é um sentimento de muita alegria, bem diferente do que simplesmente receber o produto e utilizar. Essas expedições são muito enriquecedoras para nós que trabalhamos com esses produtos baianos sensacionais e que só nós, baianos, temos, disse a chefe.
Debaixo do pé de um umbuzeiro, rodeados de licurizeiros, no terreiro de um quilombola da comunidade de Várzea Queimada, os chefs se reuniram com os agricultores para trocar experiências e cozinhar para a comunidade. Um braseiro improvisado com blocos, pedras e galhos se transformou em atração e os moradores da comunidade puderam degustar e apreciar pratos como andu com farofa, salada, galinha caipira e mugunzá, tudo preparado pelos chefs, com uma pitada de licuri.
O quilombola Luis Sousa ficou encantado com a degustação realizada: “Nunca tivemos uma experiência assim na nossa comunidade. Eles usaram tudo daqui, desde o forno que fizeram debaixo da terra até as comidas, coisas que a gente nem imaginava. Galinha, verduras, bode e licuri é tudo tão simples e comum pra gente e nas mãos deles viraram essa formosura”.
Secom