Uma pequena empresa de consultoria doou à campanha do deputado Vicente Cândido (PT-SP) uma quantia 25 vezes maior que seu capital social.
Relator do projeto de reforma política que tramita na Câmara dos Deputados, o deputado petista recebeu, nas eleições de 2010, R$ 497.000,00 da empresa Emerson Leandro Assalis Consultoria, que tem capital de R$ 20.000,00.
Foi o maior doador privado do deputado, acima de construtoras como a OAS, Queiroz Galvão, Engevix e Gafisa.
A empresa foi fundada em 28 de dezembro de 2009, menos de 10 meses antes daquela eleição. À época, a lei eleitoral previa limite de 2% do faturamento do ano anterior à doação.
Significa que, para doar meio milhão de reais em 2010 de forma legal, a empresa tem de ter faturado cerca de R$ 25 milhões nos seus únicos quatro dias de atividade.
Algo improvável. E também curioso: se tivesse sido criada logo após o Réveillon, não poderia ter doado um centavo sequer naquelas eleições, segundo a lei eleitoral vigente.
A empresa deu dinheiro para outros dois candidatos a deputado estadual, também do Partido dos Trabalhadores: Simão Pedro (R$ 30.000,00) e José Tarcísio de Oliveira (R$ 55.000,00). Ao todo, a Emerson Leandro Assalis Consultoria doou R$ 582.000,00 em 2010, segundo registros do Tribunal Superior Eleitoral.
Ligamos para o dono da empresa e questionamos a contribuição. Assalis pediu para retornamos depois de alguns minutos.
Emerson Assalis: (…) Quando você me falou, eu não tinha conhecimento de nada disso. Então, joguei o nome da minha empresa aqui na internet e vi que foram feitas algumas coisas. Já no mesmo momento, liguei para meu advogado, para ver o que ocorreu.
Coluna do Fraga: Deixa eu entender. O senhor não sabia que foi feita uma doação de meio milhão de reais?
Emerson Assalis: Quando você me falou, eu joguei na internet, no Google, para ver do que se tratava. E, realmente, para mim, fiquei pasmo. Para mim, foi uma surpresa.
Após esta conversa, Emerson não atendeu mais nossos telefonemas e enviou uma nota por meio do seu advogado: “Acerca dos fatos narrados por V.Sa., nos quais hipoteticamente nosso cliente Emerson Assalis estaria envolvido, conforme a própria narrativa de V.Sa., temos a esclarecer que a política do escritório é de não dar entrevistas a qualquer meio de comunicação. Dessa forma, se houver algum processo a respeito, nosso cliente se reserva o direito constitucional de se manifestar somente em juízo”.
R7