Uma análise de dados relacionados ao vírus Zika apontou que há risco do surgimento de sorotipos diferentes do patógeno, como já acontece no caso da dengue. Isso poderia dificultar a obtenção de uma vacina, bem como comprometer a eficácia dos testes para diagnóstico já desenvolvidos. “Hoje existe apenas um único Zika e, uma vez infectada, a pessoa se torna imune. Mas o vírus está em franca mutação e não seria surpresa se em breve surgirem o Zika 2, 3, 4…”, afirmou professor do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (ICB-USP), Edison Luiz Durigon, responsável pela análise. Segundo a Agência Fapesp, foram analisados dados de três pacientes assintomáticos que foram acompanhados de perto durante meses pela equipe do ICB-USP. Semanalmente, os pesquisadores colhiam amostras de sangue, saliva, urina e, no caso dos homens, esperma. O material era enviado para os Estados Unidos onde, por meio de uma parceria com o exército norte-americano, o genoma completo do patógeno era sequenciado. O estudo foi feito no âmbito da Rede de Pesquisa sobre Zika Vírus em São Paulo (Rede Zika). “Muitos dos integrantes dessa rede tinham em 2015 projetos apoiados em andamento, com outros temas. A Fundação rapidamente aprovou aditivos para esses projetos e todos os esforços foram centrados no estudo do Zika. Dessa forma, rapidamente, conseguimos cultivar os isolados virais em laboratório e distribuir para vários grupos de pesquisa do país”, explicou. Entre os avanços alcançados desde então estão o desenvolvimento de testes moleculares para diagnóstico (capaz de detectar o RNA viral nas amostras de pacientes durante a infecção), a comprovação de que o vírus causa uma síndrome congênita que pode ou não incluir microcefalia, o desenvolvimento de vacinas experimentais e, finalmente, a validação de um teste sorológico (capaz de detectar no sangue anticorpos contra o vírus mesmo passada a infecção) que não dá reação cruzada com anticorpos contra a dengue.