A obesidade é um dos maiores problemas de saúde pública do mundo. Estimativa da OMS (Organização Mundial de Saúde) mostra que cerca de 2,3 bilhões de adultos estejam com sobrepeso e mais de 700 milhões estarão obesos até 2025. Quando se trata de crianças, a projeção é de que 75 milhões delas sejam obesas ao redor do planeta.
Esse problema também vem aumentando no Brasil, assim como em outros países da América Latina. Mais da metade da população brasileira está com sobrepeso e a obesidade já atinge 20% dos adultos no País, enquanto 58% da população latino-americana e caribenha estão com sobrepeso — ou seja, 360 milhões de pessoas.
Com exceção do Haiti (38,5%), Paraguai (48,5%) e Nicarágua (49,4%), o sobrepeso afeta mais da metade da população de todos os países da região, sendo que Chile (63%), México (64%) e Bahamas (69%) são os que registram as taxas mais altas.
Para a endocrinologista da SBEM-SP (Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia da Regional São Paulo) Cinthia Cercato, a obesidade já é considerada epidemia mundial.
— Nós temos tido um aumento do IMC (Índice de Massa Corporal) no mundo todo. Claro que a desnutrição ainda é um problema, principalmente em alguns países da África e do sul da Ásia. Mas, na maioria dos países, já aconteceu uma transição nutricional. No Brasil, isso já ocorre, sendo que hoje nós temos muito mais obesos do que pessoas com desnutridas ou com baixo peso.
Um estudo publicado pela revista científica The Lancet mostra que, em 2016, foi registrado 10 vezes mais crianças e adolescentes obesosque em 1975. Esse problema ainda vai mais longe: segundo a Proteste (Associação Brasileira de Defesa do Consumidor), apenas 9% dos pais notam problemas dos filhos com a balança.
A especialista explica que um dos motivos é a dificuldade dos pais notarem a doença nos filhos, já que em adultos o problema é diagnosticado de maneira mais fácil, apenas medindo o IMC.
— Precisamos de uma campanha de conscientização sobre como identificar o excesso de peso e melhorar o diagnóstico. [Desta forma], essas medidas de alimentação saudável e atividade física tenham impacto na casa dessa família.
A endocrinologista afirma que para combater essa realidade é necessário que o governo adote iniciativas. Uma ferramenta útil seria melhorar a rotulagem de alimentos industrializados.
— A Anvisa [Agência Nacional de Vigilância Sanitária] fez um grupo de rotulagem em 2014 e até hoje esse assunto não avançou. Existem alguns estudos que mostram o que seria uma rotulagem ideal e, aparentemente, a rotulagem frontal com alertas é melhor. Outra coisa importante é a questão das cantinas escolares. Essa exposição de alimentos não saudáveis, ricos em calorias, faz com que as crianças tenham mais vontade de comer isso do que alimentos mais saudáveis. Também sou totalmente a favor da proibição da veiculação de propagandas voltadas para o público infantil de alimentos não saudáveis.
R7