Não tem nem o que argumentar: Anitta foi novamente a artista brasileira mais falada, comentada, tocada, odiada, amada do ano. Aliás como já aconteceu em 2016, 2015, quiçá 2014. Não tem para ninguém. Nem para os bombadíssimos sertanejos, homens ou mulheres. Estes também se mantiveram em alta em 2017, mas nenhum com a mesma capacidade de chamar atenção que Anitta.
Mas a moça ficou devendo um pouco num certo quesito, que foi o da coerência. Anitta é conhecida por dar força para minorias, e isso é ótimo. Mas ficou atravessado na garganta de todo mundo o fato de o diretor de Vai Malandra ser Terry Richardson, que tem algumas acusações graves de assédio. Quase dois meses antes do lançamento do clipe, publiquei este texto onde dizia que a cantora deveria cancelar o lançamento. Justamente por ter Richardson como diretor, o que é um contrasenso na carreira de Anitta. Ora, se ela defende a força feminina, se luta pela igualdade entre gêneros e para que as minorias sejam respeitadas, parece bem estranho contratar alguém acusado de assédio.
Daí, dias depois da estreia de Vai Malandra, a artista soltou um comunicado se pronunciando a respeito do diretor. Veja:
“Imediatamente após tomar conhecimento sobre as acusações de assédio que envolvem o diretor Terry Richardson solicitei que minha equipe avaliasse o contrato para verificar o que juridicamente poderia ser feito. Estudamos todas as possibilidades, que foram além das questões jurídicas, passando também pelo envolvimento emocional, levando em consideração o imenso trabalho digno de todos os artistas e colaboradores que de alguma maneira fizeram este clipe acontecer. Esse não é um trabalho de uma pessoa só. Manterei minha promessa aos moradores do Vidigal e aos meus fãs lançando o clipe de “Vai Malandra” em dezembro deste ano. Mostrando um pouco das minhas origens e mais sobre o funk carioca, do qual me orgulho muito de ser representante”.
Pelo que está escrito acima, Anitta diz que não tinha conhecimento prévio das acusações contra Richardson. Bem, os primeiros casos de assédio ao diretor são de 2014 e não são nada secretos. A mídia toda alerdeou isso, até porque Terry é realmente muito famoso e trabalhou com artistas igualmente famosos, tipo Madonna, por exemplo.
Assim, não parece razoável Anitta dizer que não sabia. Dá para entender ela ter lançado o vídeo, era algo realmente esperado, mas ao fazê-lo, a cantora deu espaço para alguém acusado de um crime (ou crimes) graves. Guardadas as proporções, é como contratar como motorista aquele sujeito que atropelou um monte de ciclistas no sul há alguns anos. Não faz o menor sentido.
Anitta quis ter em seu clipe a assinatura de um cara conhecido mundialmente por trabalhar com Madonna, Lady Gaga, Beyoncé etc. Mas, vamos combinar que era bem dispensável, né? Anitta poderia ter chamado qualquer outra pessoa para o trabalho. Pisou na bola e ficou devendo. Foi um mancha em sua trajetória ascendente nesse ano de 2017.
R7