Ex-governador da Bahia diz que busca e apreensão foi desnecessária e que caso da Fonte Nova é uma tentativa clara de criminalizar e destruir o PT
O ex-governador da Bahia e ex-ministro dos governos Lula e Dilma, Jaques Wagner, chamou de estranha e desnecessária a ação de busca e apreensão realizada pela Polícia Federal na manhã desta segunda-feira (26) em sua casa em Salvador por suposto superfaturamento nas obras da Arena Fonte Nova.
“A Polícia Federal infelizmente está comprando uma versão de que houve superfaturamento. Mas há uma incompreensão da Polícia Federal e do Tribunal de Contas do Estado do que é uma PPP e uma obra pública. Na PPP, não existe a figura do superfaturamento como está se insistindo. Nós contratamos a PPP para entregar o estádio e a gestão do estádio.”, explica Jaques Wagner.
O ex-governador também diz esperar que o processo de inquérito se encerre e estranha a ação de busca e apreensão, mesmo depois de ter sempre se colocado à disposição da Justiça.
“Eu estranho porque este inquérito existe desde 2013 e eu fui chamado para prestar testemunho. A própria delegada afirma que eu fui e colaborei e de repente vem uma ação de busca e apreensão totalmente desnecessária. Infelizmente, estão desvirtuando e politizando essas ações numa tentativa clara de criminalizar e destruir as lideranças do PT”, lamenta.
No final da tarde, durante ato suprapartidário em sua defesa, Jaques Wagner disse estar otimista quanto ao desfecho favorável do caso. “Eu tenho como testemunha todo o empresariado baiano e desafio qualquer um a provar que eu tenha recebido por qualquer obra feita na Bahia”, declarou.
Jaques Wagner acredita que o forte viés político do caso deve fortalecer a união da esquerda. “Isso só deve aumentar o nosso ânimo de buscar a verdade. E melhor resposta para isto é trabalho, trabalho e trabalho.
Antes da PF
O fato de alguns órgãos de imprensa terem chegado antes da Polícia Federal também causou espanto no ex-governador. “Em tese a ação preparada pela PF deveria ser sigilosa, mas como tem acontecido há vazamentos e a polícia chega depois do próprio órgão de imprensa”, criticou.
O atual governador da Bahia, Rui Costa (PT), foi além e disse que a ação teve claras intenções midiáticas. “Quando a televisão chega antes nos locais que vai ter uma investigação fica claro que a operação tem um fim midiático e político-partidário”, critica.
Rui Costa diz ainda que a prática tem se tornado bastante comum no Brasil. “É incompreensível em qualquer país desenvolvido a imprensa chegar antes da policia. É uma operação casada com a visão da propaganda negativa no ano eleitoral. E infelizmente o nosso país, dia a após dia, só reafirma essa tendência de parcialidade de quem deveria ser imparcial no processo de investigação”, conclui.
Nota do PT
A invasão da residência do ex-governador Jaques Wagner por agentes da Polícia Federal, na manhã de segunda-feira (26) é mais um episódio da campanha de perseguição contra o Partido dos Trabalhadores e suas principais lideranças.
A sociedade brasileira está cada vez mais consciente de que setores do sistema judicial abusam da autoridade para tentar criminalizar o PT e até os advogados que defendem nossas lideranças e denunciam a politização do Judiciário.
A escalada do arbítrio está diretamente relacionada ao crescimento da pré-candidatura do ex-presidente Lula, nas pesquisas, nas manifestações populares, nas caravanas de Lula pelo Brasil. Quanto mais Lula avança, mais tentam nos atingir com mentiras e operações midiáticas.
Nossa solidariedade ao companheiro Jaques Wagner e sua família.
Por Gleisi Hoffmann, presidenta nacional do Partido dos Trabalhadores
Nota da Bancada do PT
Na manhã desta segunda-feira (26), o ex-governador da Bahia, e ex-ministro dos governos Lula e Dilma, Jaques Wagner, sofreu ação de “busca e apreensão” em sua residência, em Salvador. A ação da PF, espetaculosa como sempre, com ampla cobertura da Rede Globo, segue o roteiro de atacar as principais lideranças do PT.
O “álibi” para a absurda ação, desta vez, é o suposto envolvimento de Wagner em irregularidades nas obras da Arena Fonte Nova, alvo da operação “Cartão Vermelho”.
Na sexta-feira, a juíza Patricia Cerqueira Kertzam, do TRE-BA, havia determinado o arquivamento de inquérito no âmbito eleitoral contra Jaques Wagner. Segundo a decisão, havia falta de indícios mínimos da ocorrência de delito na seara eleitoral para justificar a instauração de inquérito policial no âmbito daquela Justiça Especializada. O caso tinha sido remetido para a justiça da Bahia pelo ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato.
A nova ação da Polícia Federal não deixa qualquer dúvida sobre o caráter persecutório e totalmente antirrepublicano do atual processo judicial em curso. Em mais um passo da escalada, evidenciam um planejamento de alvos a serem atingidos sob o falso, argumento do “combate à corrupção”. Enquanto processos envolvendo políticos de outros partidos “prescrevem”, lideranças do PT são objeto de sistemáticos ataques da parceria jurídica-midiática.
Lindbergh Farias, Líder da Bancada do PT no Senado Federal
Paulo Pimenta, Líder da Bancada do PT na Câmara dos Deputados