A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) criticou a contratação de médicos venezuelanos, por meio do Programa Mais Médicos, para atendimento aos refugiados do país vizinho que estão em Roraima. Em nota divulgada na última semana, a entidade afirmou que a proposta é midiática e desnecessária. “O Brasil conta com quantidade suficiente de profissionais para enfrentar esse desafio, sendo que muitos deles podem ser incorporados a esse esforço, inclusive usando esse Programa [Mais Médicos]. Assim, esse anúncio, de modo isolado, se reveste de caráter midiático e oportunista, apropriando-se de necessidades reais da população para oferecer soluções simplistas e descoladas da realidade da gestão da saúde pública no país”, diz o documento. Para o vice-presidente da SBP, Clóvis Constantino, essa proposta “subverte mais ainda a malfadada Lei dos Mais Médicos, que prevê supervisão e tutoria”. Enviado às autoridades, aos pediatras e aos veículos de comunicação, o texto ainda cobra uma série de ações para enfrentar essa crise de caráter humanitário. Entre elas, estão: a oferta de mais leitos para internação e de estrutura para atendimento nos postos de saúde; a manutenção adequada dos estoques de medicamentos e insumos hospitalares; o acesso garantido e ágil a exames de diagnóstico (laboratoriais e de imagem); a intensificação de campanhas de vacinação, com reforço na área de fronteira voltado aos refugiados, antes de sua entrada no Brasil. A SBP ainda se colocou à disposição dos governos federal e de Roraima para desenvolver estratégias adequadas para atender os refugiados.