A oferta de descontos para pagamento em dinheiro ou cartão de débito ainda não é uma prática na maioria dos estabelecimentos comerciais. É o que conclui um estudo, divulgado no Relatório de Inflação, publicado hoje (29) na internet, pelo Banco Central (BC).
Segundo pesquisa do Instituto Brasileiro de Economia (IBRE) da Fundação Getulio Vargas (FGV), feita a pedido do BC, apenas 32,4% dos consumidores afirmaram que houve oferta de desconto caso o pagamento fosse feito em dinheiro ou cartão de débito. Esse percentual aumentou para 42,6% entre consumidores de renda mais alta.
A pesquisa foi incluída em questionários de sondagens do Consumidor, Comércio e Serviços. Foram consultadas 1.128 empresas comerciais, 1.883 de serviços e 1.607 consumidores, em fevereiro de 2018.
A Medida Provisória nº 764 de dezembro de 2016, convertida na Lei nº 13.455 de julho de 2017, autorizou os estabelecimentos comerciais a oferecerem preços diferentes em função do meio de pagamento.
O pagamento feito em dinheiro ou débito reduz o custo dos lojistas e o prazo para receber os recursos das instituições financeiras, quando comparados com o pagamento feito com o cartão de crédito.
“Os dados revelam que parcelas importantes do comércio e do setor de serviços não oferecem a possibilidade de desconto em função da forma de pagamento. Esse fato indica que há potencial para intensificação da prática de diferenciação de preços, o que potencializaria os benefícios propiciados pela nova legislação”, afirma o BC.
De acordo com o relatório, a maioria dos consumidores (63,9%) tem conhecimento da possibilidade de diferenciação de preços conforme o tipo de pagamento. “Importante observar, adicionalmente, que mais de um terço dos entrevistados respondeu que houve elevação da frequência com que o desconto foi oferecido na comparação com o ano passado”, acrescentou o BC.
Comércio e serviços
Os resultados mostram que a prática de oferecer descontos para pagamentos em dinheiro ou cartão de débito é mais comum no comércio, setor em que 46,4% dos entrevistados afirmaram oferecer essa possibilidade aos clientes.
Mas há diferenças entre os subsetores. Enquanto no segmento de material de construção, esse percentual alcança 69,5%, no segmento de hiper e supermercados apenas 2,6% oferecem descontos. Entre os estabelecimentos que ofereceram essa possibilidade para os clientes, 64,4% informaram que a oferta estava anunciada. O desconto médio atingiu 8,4% e 7,1% para pagamentos em dinheiro e cartão de débito, respectivamente, com a maior frequência de descontos nas faixas de 2,5% a 5% e de 7,5% a 10%. Segundo o BC, o conhecimento da legislação é amplo, na medida que 85,6% dos entrevistados admitiram conhecer a lei.
No setor de serviços, os resultados da pesquisa sugerem que a prática de descontos não é tão disseminada. Apenas 17,4% dos entrevistados informaram ter oferecido essa possibilidade ao cliente, embora haja conhecimento difundido sobre a nova legislação (73,9% tem conhecimento da lei que permite diferenciação de preços).
Segundo o relatório, em alguns segmentos como serviços de manutenção e reparação e serviços prestados às famílias, o percentual que ofereceu a possibilidade de desconto atinge patamares mais altos (59,2% e 29,2%, respectivamente). O desconto médio atingiu 9,4% e 8% para pagamentos em dinheiro e cartão de débito, respectivamente, com a maior frequência de descontos nas faixas de 2,5% a 5% e de 7,5% a 10%, assim como no comércio.
Agência Brasil